No Brasil, embora 93 milhões de pessoas já tenham acesso à tecnologia 5G, a cobertura das tecnologias 3G e 4G no país está abaixo da média global. De acordo com os dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), aproximadamente 8,1% da população brasileira (16,5 milhões de pessoas) não têm acesso a nenhuma dessas duas tecnologias, as quais alcançam cerca de 91% da população.
Além disso, ainda existem 18,3 milhões de pessoas que não possuem acesso à tecnologia 4G. Tanto as operadoras de telefonia quanto a Anatel reconhecem que há uma deficiência na cobertura devido à falta de interesse comercial. A falta de cobertura é mais acentuada nos estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Por exemplo, no Maranhão e no Pará, aproximadamente 1 em cada 4 residentes não tem acesso ao 3G. Em seis desses estados, mais de 20% da população não conta com uma rede disponível.
No extremo oposto, o Distrito Federal desfruta da condição mais favorável, com 99,8% dos habitantes desfrutando de conexão móvel de, pelo menos, terceira geração. Em seguida, vêm os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Diogo Della Torres, coordenador de Infraestrutura da Conexis Brasil Digital (Sindicato das Empresas de Telecomunicações e Conectividade), afirma que há um grande desafio de levar conectividade móvel para muitos locais do Brasil.
“Existe um desafio que é a possibilidade da população dessas localidades ter acesso a aparelhos com essas tecnologias, e também dispor de renda para pagar pelos serviços prestados pelas operadoras. Então a gente tem realmente uma deficiência, com uma parte do território brasileiro que ainda não conta com cobertura nenhuma“.
Ele ainda acrescentou que muitos desses locais são de difícil acesso, distante das sedes municipais. Fatores como esse atrapalham o trabalho.
“São localidades muitas vezes distantes das sedes municipais, algumas de difícil acesso. E ainda tem a densidade populacional. A quantidade de pessoas que moram nessas regiões muitas vezes é da ordem de centenas ou dezenas“.
Com a implementação do 5G, as operadoras de telecomunicações têm reduzido os investimentos em tecnologias inferiores, como 3G e 4G. Essa mudança tem como objetivo aprimorar a qualidade dos serviços oferecidos e possibilitar a comercialização de pacotes mais caros. Luiz Henrique Barbosa, presidente executivo da TelComp (Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas), afirma que algumas empresas já estão interrompendo os investimentos nessas tecnologias mais antigas.
Barbosa destaca que existe uma situação problemática em muitas áreas onde a cobertura de telefonia móvel está disponível com tecnologias 3G ou 4G, mas muitas pessoas não conseguem acessar esses serviços devido à falta de renda. Ele enfatiza a necessidade de uma intervenção do setor público para encontrar soluções que permitam o acesso dessas pessoas aos serviços de telefonia. Isso implica na implementação de políticas públicas adequadas que possibilitem o acesso inclusivo a esses serviços de comunicação.
“A gente tem um drama hoje em muitos lugares em que a telefonia chega, com 3G ou 4G, mas as pessoas não acessam por falta de renda. É um problema que precisa ser visto pelo setor público, para que se chegue a uma política pública que possa ser feita para dar acesso a essas pessoas“, diz Barbosa.
E ele concluiu dizendo que o que já foi instalado em tecnologias antigas vai continuar. Porém, não haverá novos investimentos nelas.
“O que já está lá instalado continua, assim como o serviço prestado, mas não deve ter aumento nessa cobertura. O investimento agora deve ser feito todo em redes 5G“.