A TV paga ou fechada está chegando ao fim? Cada vez mais se fala no crescimento do serviço de televisão via streaming e a próprias operadoras tem se dedicado a oferecer serviços dentro desse caminho que já não é mais uma grande novidade para o consumidor. Além da primeira pergunta, a segunda a ser feita é: esse modo de consumir TV é mais barato?
Em entrevista ao site Tilt, do Uol, tanto um representante do Teleco quanto da Claro e da SKY, maiores prestadoras de serviço de televisão fechada, explicaram o motivo desse modelo de venda de canais de TV via streaming ser mais atrativo para o consumidor e consequentemente para as empresas.
Para trocar antena de TV por TV via streaming é necessário ter uma ótima conexão
Eduardo Tude, o líder da empresa de consultoria Teleco, elucidou que o consumidor obtém vantagem no custo ao adotar o serviço de transmissão televisiva via internet. No entanto, a estabilidade das transmissões está condicionada à qualidade robusta do sinal de conectividade online e de uma rede sem fio resiliente. Conforme relatado pelas empresas provedoras, uma experiência satisfatória requer um plano com velocidade de, no mínimo, 10 Mbps.
De qualquer forma, a recepção de canais ao vivo por meio do streaming de internet representa uma modalidade de IPTV (abreviatura para Televisão por Protocolo de Internet), em contraposição à chegada do sinal por meio de cabo, satélite ou até mesmo da infraestrutura de fibra ótica exclusiva da provedora, como é o caso da Vivo e Oi. Isso estabelece um cenário distinto de experiência com IPTV, o qual não se alinha com a captação de conteúdo proveniente do streaming de internet.
“É diferente de o sinal chegar pelo cabo, via satélite ou também pela rede de fibra ótica dedicada da operadora, como fazem a Vivo e a Oi, por exemplo, configurando outro tipo de experiência com IPTV, que não se enquadra na recepção de conteúdo por streaming de internet.”
Como funciona a diferença na prática financeira?
A diferença financeira entre as opções se desvela de maneira clara e compreensível. O fenômeno encontra sua explicação na tributação, onde as plataformas de streaming televisivo desfrutam de uma carga tributária mais branda, resultando em uma redução nos custos finais para o consumidor, explicou Eduardo Tude.
Para compreender integralmente esse fenômeno, é essencial destacar que os serviços de streaming que incluem canais de TV por meio da internet escapam à alçada da lei de TV paga, conhecida como SeAC, e carecem de um enquadramento regulatório específico. Tal falta de regulamentação desencadeia uma série de efeitos que se traduzem em vantagens para as operadoras que optam por esse modelo. Com efeito, as operadoras enfrentam encargos fiscais e obrigações legais substancialmente menores ao fornecerem esses serviços. A não sujeição aos requisitos impostos pela legislação tradicional resulta, portanto, em uma significativa diminuição de custos operacionais para as empresas.
Essa situação, por sua vez, repercute diretamente no valor que os consumidores pagam pelos pacotes. Ao dispensar a necessidade de incorporar canais de programação obrigatórios e de manter uma infraestrutura robusta, como centrais de atendimento ao cliente e equipes de suporte técnico e instalação, as operadoras que adotam o modelo de TV por streaming conseguem oferecer preços mais atraentes para seus serviços. Essa realidade é uma manifestação prática da lei da oferta e demanda, onde a menor complexidade operacional e a consequente economia de recursos possibilitam uma precificação mais competitiva.
Essa tendência de migração para a TV por streaming, que é mais econômica, emerge como uma evolução natural para os assinantes que contam com planos de internet banda larga de qualidade. A relação custo-benefício atrativa e a conveniência proporcionada por essa modalidade de transmissão consolidam-se como fatores motivadores para que os consumidores optem por essa forma de entretenimento.
Comparativo
Durante os últimos 12 meses que se estenderam até junho de 2023, houve uma diminuição de 14,7% no total de visualizações de TV por assinatura, de acordo com estatísticas divulgadas pela Anatel, a Agência Nacional de Telecomunicações. Saindo de uma base de cerca de 15,1 milhões de assinantes, o contingente reduziu para aproximadamente 12,9 milhões, continuando a declinar a cada mês.
Alessandro Maluf, diretor de produtos de vídeo da Claro, afirmou que o modo tradicional de venda de televisão fechada deve continuar no mercado, embora em baixa. E ele disse também que a TV via streaming tem sido o principal produto dessa divisão da operadora.
“Mesmo perdendo assinantes, o modelo tradicional deve continuar a conviver com a TV por streaming, porque uma parcela do público não quer instalar o produto de TV por assinatura por conta própria e deseja contar com o conforto de uma rede de atendimento e de técnicos no dia a dia. Hoje, por diversas razões, como a melhor relação custo-benefício e a possibilidade de acompanhar o assinante em qualquer lugar, o streaming é nosso principal produto.”
André Ribeiro, vice-presidente de marketing e produtos da Sky, explicou que há um investimento na televisão via streaming, porém a TV via satélite ainda é o serviço que chega a mais pessoas com qualidade.
“Seguimos com a oferta de planos básicos de TV via satélite tradicional, porque, embora a conectividade esteja avançando, ainda não é uma realidade para todos os brasileiros. Já a tecnologia de TV via satélite chega a todos os lugares e, às vezes, é a única opção disponível.”
Vale ressaltar, que além da Claro e da SKY, que estão entre os dois modelos de serviço, há outras empresas que já oferecem a televisão via streaming. Globoplay é um exemplo, que carrega todos os canais do grupo Globo. Além disso, quem quer ter alguma expedriência com esse tipo de seviço sem desembolsar nada, basta acessar aplicativos como o da PlutoTV, que oferta televisão com canais fora os da TV aberta, via streaming, mas sem cobrar nada por isso, e sem ser de forma ilegal.