O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.Br) divulgou na última quinta-feira, 1º de fevereiro, uma nota pública manifestando preocupação relacionada a instalação de uma Usina de Dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza. Segundo informações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e outras entidades públicas e privadas, o empreendimento pode afetar a conectividade no Brasil devido à proximidade com cabos submarinos que trazem internet da Europa.
No texto publicado em seu site oficial, o CGI.br pede que as autoridades do estado do Ceará promovam nos estudos com as garantias necessárias para eliminar as possibilidades de riscos à infraestrutura crítica instalada de telecomunicação e Internet, podendo até considerar a hipótese de instalação da Usina em outro local — a Anatel reforça esse posicionamento sugerindo que a estrutura seja movida para uma região que não conte com hub de cabos usados pelo setor de telecom, além de data centers.
Liderado pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), vinculada à gestão estadual, o projeto para a instalação da Usina na Praia do Futuro gerou críticas de especialistas e operadoras, que criticam a escolha dessa região da capital cearense para a obra resultado de uma Parceria Público-Privada com investimento de R$ 3,2 bilhões.
A Praia do Futuro foi escolhida pela boa qualidade da água facilitando o processo de dessalinização que, como o próprio nome sugere, corresponde à retirada do sal da água do mar tornando-a potável para consumo humano, e reduzindo custos operacionais.
O empasse, no entanto, se dá em decorrência da presença de uma importante — e cara — infraestrutura de cabos submarinos que fazem de Fortaleza a segunda cidade mais conectada do mundo. No total, mais de 90% dos dados que trafegam no Brasil passam pela capital do Ceará antes de serem distribuídos para outros pontos do país.
Se os cabos forem danificados pela Usina, é possível que o segmento de telecomunicações sofra uma enorme crise de dados. Os órgãos competentes seguem avaliando a situação.