O 5G ainda está em processo de implementação no país, mas pesquisadores do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, já estão preparando a próxima geração de conectividade móvel, que deverá ser implantada a partir de 2032. O Projeto Brasil 6G já está em sua terceira fase com teste em ambientes mais realistas, em protótipos.
De acordo com o coordenador de Pesquisa do Brasil 6G e coordenador de Pesquisa do Centro de Referência em Radiocomunicações (CRR) do Inatel, Luciano Leonel Mendes, o projeto 6G começou antes do 5G, quando professore do instituto já sabiam que a quinta geração de conectividade não teria um grau máximo de eficiência em algumas funcionalidades.
Na primeira fase do projeto, eles tentaram entender as demandas nacionais que não seriam atendidas pelo 5G. Com destaque para a pandemia que evidencia uma necessidade de interação em vídeo e voz com maior eficiência. Na segunda fase surgem as possíveis soluções para atender essas demandas, indicando quais tecnologias seriam necessárias.
Agora, na terceira fase, os pesquisadores podem acessar o ambiente remotamente para estudar lacunas em custos e operação.
“Ao longo desse período houve um interesse contínuo do governo brasileiro em apoiar as pesquisas. Existe um entendimento sobre o enorme valor estratégico desses estudos para o desenvolvimento do Brasil e temos sucesso em algumas fontes de financiamento e parcerias com universidades e centros de pesquisas estrangeiros. É claro que esse financiamento não está no mesmo nível que acontece na Europa e nos Estados Unidos, mas isso nos permite contribuir de forma significativa com os estudos mundiais”, pontua o pesquisador.
Escassez de profissionais
Luciano Mendes traz uma preocupação em relação aos profissionais capacitados em tecnologia de ponta, que cresce exponencialmente. Então, como o Brasil segue exportando mão de obra, um dos grandes desafios será manter esses pesquisadores no país.
“Sofremos com o desafio de manter as pessoas. Tenho muitos colegas que foram para Europa e EUA. De certa forma, ficamos orgulhosos com isso, mas gastamos muito esforço e recursos na formação dessas pessoas que acabam indo produzir em outro lugar. Como o assunto é muito específico, quem vem do mercado tem que ser formado novamente”.
O coordenador afirma que esse cenário precisa mudar e cita a criação do Centro de Competência Embrappi 5G e 6G, que foi criado em maio de 2023. A unidade vai receber investimentos de R$ 60 milhões em um período de 42 meses para desenvolver uma série de ações que combinam ampliação e capacitação de recursos humanos, associação tecnológica e atração e criação de startups.
No Brasil 6G, o investimento foi de aproximadamente R$ 21 milhões, via Rede Nacional de Pesquisa (RNP) com recursos do Programa Prioritário em Informática do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (PPI/MCTI).