O Estado espanhol adquiriu 3% da Telefónica e planeja comprar mais 7% do capital da empresa de telecomunicações para proteger suas capacidades estratégicas e interesses nacionais.
A compra de até 10% será realizada rapidamente para não impactar no valor das ações da Telefónica, conforme anunciado pela ministra porta-voz do Governo de Espanha, Pilar Alegría, após o Conselho de Ministros desta semana em Madrid.
O Estado espanhol adquiriu 3% das ações da Telefónica, tornando-se seu maior acionista. Essa medida visa garantir estabilidade acionária e proteger as capacidades estratégicas da empresa, considerada vital para os interesses nacionais. A entrada do Estado ocorre seis meses após a saudita STC surpreendentemente adquirir parte das ações da Telefonica.
A STC Group, uma empresa saudita de telecomunicações, adquiriu 9,9% das ações da Telefonica, tornando-se assim a maior acionista da empresa espanhola. Esta transação, no valor de 2.1 bilhões de euros, foi comunicada às autoridades do mercado de valores espanholas em setembro.
A STC Group é majoritariamente controlada por fundos de investimento públicos da Arábia Saudita, detendo 64% da empresa. A aquisição foi realizada através da compra direta de ações (4,9% do capital) e de instrumentos financeiros equivalentes a 5% do capital da Telefónica. O governo espanhol afirmou seu compromisso em preservar a “autonomia estratégica” do país diante dessa operação.
A Telefónica afirmou que a aquisição da STC foi realizada de forma amigável. A empresa saudita enfatizou que seu investimento na Telefonica demonstra confiança na equipe de gestão e na estratégia da multinacional, negando qualquer intenção de controle ou participação majoritária. A STC é uma grande empresa de telecomunicações da Arábia Saudita, destacando-se como líder no setor no Reino Unido e no Oriente Médio.
A operação da Telefónica precisava da autorização do Governo espanhol, especialmente do Ministério da Defesa, devido aos serviços ligados à defesa nacional e ao controle de mais de 5% do capital. A Ministra da Economia e primeira vice-presidente do Governo, Nadia Calviño, afirmou que a Telefónica é uma empresa estratégica para o país, e o governo tomará todas as medidas necessárias para proteger os interesses de Espanha.
A ministra também indicou que o governo espanhol está revisando a operação e considerando a aplicação de medidas para proteger os interesses estratégicos do país, enquanto ainda atrai investimento estrangeiro.
Isso inclui a legislação recentemente implementada para proteger empresas consideradas estratégicas afetadas pela pandemia de COVID-19. Em dezembro, o primeiro-ministro anunciou que o Estado espanhol reinvestiria na Telefonica, o que foi concretizado recentemente, marcando a primeira vez desde 1997 que a empresa tem capital público.
A Telefonica registrou prejuízos em 2023, atribuídos a cortes de pessoal e operações no exterior. Em contraste, em 2022, a empresa havia registrado lucros. Apesar do aumento na receita em 2023, a empresa ainda teve prejuízos.