Nesta segunda-feira (08), o Grupo TIM aproveitou os questionamentos de acionistas veiculados pela imprensa italiana sobre o plano de reestruturação da empresa para defender a venda da sua unidade de rede fixa na Itália, a NetCo. A companhia decidiu responder às falas do engenheiro Umberto Paolucci, candidato preferido do grupo Merlyn Partners para assumir o conselho de administração da tele, e que defende a venda da TIM Brasil.
Em entrevista no último sábado ao jornal “La Repubblica”, o engenheiro questionou o plano de reestruturação do Grupo TIM, defendendo a implementação de uma nova estratégia, incluindo a transformação da empresa em um negócio de tecnologia e a venda da TIM Brasil.
Em nota, a TIM afirmou que o entrevistado compartilhou informações equivocadas e que solicitou que fosse feita a ratificação de certas “informações intrinsecamente incorretas ou enganosas” que poderiam afetar o preço das ações na Bolsa. Por isso, a companhia decidiu emitir nota questionando as falas de Paolucci.
Entre os pontos destacados pela empresa italiana está a transação de venda da NetCo, afirmando que os números apresentados são “justos” e foram “confirmados pelas principais instituições bancárias independentes e de consultoria estratégica”. Ainda diz que após a alienação do ativo, espera ter uma alavancagem de 1,6-1,7 vezes até 2026, não incluindo o potencial de aumento de 4 bilhões de euros de ganhos com a NetCo e a possível venda da rede de cabos submarinos Sparkle.
A Telecom Italia reforçou que o contrato assinado com o consórcio liderado pelo fundo norte-americano KKR é vinculativo, de modo que não deve haver atrasos na conclusão da negociação, que é programada para o verão europeu, entre junho e setembro deste ano.
O comunicado ainda lembrou do planejamento de iniciativas para enfrentar o cenário adverso até a conclusão da operação, sendo que há poucos dias assinou um empréstimo-ponte de 1,5 bilhão de euros que visa cobrir as necessidades de financiamento até a venda definitiva da NetCo ao KKR.
Os argumentos do Merlyn
Na entrevista, Paolucci defendeu um caminho alternativo com a criação de uma TechCo, em uma mudança de rota na companhia a partir do foco em transformação digital e agregação dos setores de TIC, cloud e inteligência artificial.
“Este é um setor que conheço bem e, graças à TechCo, vejo um grande potencial nas ações para o benefício de todos os acionistas que foram penalizados até agora”, declarou o executivo. Segundo ele, no período de 24 meses o grupo estaria “reposicionado, com múltiplos maiores que as telcos.”
Ele também defendeu a venda da TIM Brasil, afirmando que “é uma escolha industrial necessária para investir onde há vantagens competitivas e saída dos negócios que têm menos [vantagens]“.
Essa não é a primeira vez que o Grupo TIM enfrenta divergências sobre o seu plano de reestruturação. O conglomerado francês Vivendi, maior investidor individual da empresa, está com o processo contra a companhia.