A Aliança pela Internet Aberta (AIA), uma organização que defende os interesses das grandes empresas de tecnologia, apresentou à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), na tentativa de convencer a agência a não intervir no mercado de internet, um estudo que busca demonstrar a sustentabilidade das redes de conectividade sem a criação de uma taxa de uso da rede para as big techs.
A entidade representa empresas como Google, Meta, Amazon, Tik Tok e Netflix, mas também abrange pequenos provedores da Abranet e da Abrint. O documento apresenta projeções que indicam uma desaceleração do consumo de dados no Brasil até 2033 e, no mesmo período, um aumento do retorno de investimento das teles. “Não há congestionamento no uso de infraestrutura digital no Brasil nos próximos anos”, consta no texto.
“Não há evidências de um problema regulatório que necessite desse tipo de intervenção. Estamos mostrando que não existe o problema colocado, de uma potencial explosão de demanda gerada por empresas que geram muito conteúdo e que telecom não daria conta. As evidências indicam que isso não está acontecendo”, afirma o economista Marcelo Guaranys.
A AIA se posiciona contra a necessidade de criar uma “taxa de rede” ou mesmo medidas que driblem a neutralidade de rede para liberar negociações de “pedágios” entre teles e provedores de conteúdo.
Com base na evolução do consumo de dados de 2017 a 2023 do PIB, população entre 20 e 60 anos, uso de serviços online, planos acima de 34 Mbps e uso de redes 4G e 5G, o estudo aponta três cenários, o estudo aponta três cenários: base, arrojado e conservador, que mostram aumento significativo na demanda por dados, mas em ritmo candente: crescimentos médios anuais de 10,3%, 9% e 11,2%, partindo de 140 Exabytes em 2024, para entre 349 e 396 Exabytes em 2033. Hoje, cresce próximo a 20% ao ano.
Em um segundo estudo, a AIA avaliam o desempenho econômico das maiores operadoras de telecomunicações que atuam no Brasil, Vivo, Claro e TIM, e concluem que o retorno médio dos investimentos (ROIC) das três foi de 7,09% em 2023. As projeções para os próximos 10 anos também são positivas: “o ROIC médio dessas operadoras tem clara perspectiva de crescimento mesmo nos cenários mais conservadores, chegando a 7,42% em 2033 se a receita líquida crescer 3% ao ano, 8,93% se a receita líquida crescer 5% ao ano, ou 11,74% se a receita líquida crescer 8% ao ano”.
Em um outro estudo, conduzido por Reis, Guaranys e pelo professor Lisandro Granville, do Instituto de Informática da UFRGS e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Computação, afirma que as big techs já compartilham dos investimentos em infraestrutura de redes.
“Não é verdade que três grandes operadoras carregam o ecossistema de infraestrutura digital nas costas. Atores públicos e privados contribuem com pontos de troca de tráfego, CDNs, cabos submarinos, datacenters”, diz Molon.