21/11/2024

Operadoras relatam preocupação com crescimento das casas de apostas online (bets)

‘Bet é o principal competidor no momento no pré-pago, e não sei o quanto isso é danoso’, segundo Paulo Cesar Teixeira, da Claro.

O crescimento das plataformas de apostas online, também conhecidas por bets, estão se tornando uma preocupação para as operadoras de telecomunicação, como Claro e TIM, que estão vendo esse tipo de negócio como uma espécie de ameaça. Elas enxergarem o segmento como competidor pelo gasto do cliente (sobretudo o pré-pago).

Imagem: Editoria de Arte / O Globo

Acontece que esses gastos com casas de apostas podem estar tomando espaço no bolso dos clientes, que poderia ser direcionado para a aquisição de serviço essenciais, como conectividade.

O assunto foi abordado nesta quinta-feira (20), durante o TELETIME Tec, em São Paulo. Para Paulo Cesar Teixeira, CEO da unidade de consumo da Claro, as bets são hoje os principais competidores das operadoras pelo “share of wallet” (a porcentagem do gasto que uma empresa captura em relação aos concorrentes), sobretudo na camada de baixa renda.

“Bet é o principal competidor no momento no pré-pago, e não sei o quanto isso é danoso. Não sabemos até que ponto a bet é algo bom, porque pessoas de baixa renda com dificuldades de manter necessidades básicas estão apostando de maneira muito simples”, afirmou Teixeira.

O diretor de marketing (CMO) da TIM, Paulo Esperandio, segue uma linha semelhante de preocupação em termos mercadológicos e em termos sociais. Ele destaca que a cadeia de apostas já possui uma certa relevância no país. “O mercado de bets é uma realidade. Está penetrado e é uma competição pelo ‘share of wallet’ dos clientes. A pergunta que nós, ao pensarmos em negócios do tipo, é: estamos alimentando a pessoa com algo nutritivo ou algo sem valor nutricional?”, indagou.

A TIM trabalha com a estimativa que hoje existam entre 22 milhões e 25 milhões de usuários das bets no Brasil, o que drena um volume significativo do orçamento das famílias. “Elas são uma realidade e um negócio super penetrado, e que gera competição dentro do bolso em relação aos serviços que a gente presta“, afirmou.

O executivo também apresenta preocupação com as possíveis parcerias com empresas do segmento de apostas, a exemplo do que as teles fazem com outros recursos, como streaming. “Eu poderia entrar nisso, mas estaria alimentando a pessoa com algo nutritivo ou com isopor? Isso gera valor? Pode gerar como entretenimento, mas será que é o moralmente correto?“, questionou Esperandio.

“Queremos entender em detalhes qual é o impacto desse novo elemento”, completou o executivo. Para Paulo César Teixeira, antes de pensar em modelos de parceria, é preciso pensar se esse é um modelo que deve ser estimulado junto ao consumidor. ” Precisamos pensar se isso é bom para o nosso cliente” , disse ele, colocando ressavas ao modelo de bet como “oportunidade” .

Unifique e Brisanet

As operadoras regionais também estão observando a avaliando o mercado de bets. A Unifique declarou que, embora não tenha acordo com a casa de apostas, não descarta a possibilidade, desde que haja escolha criteriosa do parceiro e o produto resultante não traga riscos ao consumidor. “Vejo mais como algo para pós-pago, para as rendas mais altas”, disse.

Já José Roberto Nogueira, CEO e fundador da Brisanet, no momento, destaca a possibilidade de qualquer acordo com esses tipo de mercado, uma vez que a empresa está concentrada na implementação da sua rede móvel.

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