Na era do “se não postou, não aconteceu”, garantir conexão à internet durante uma viagem internacional é quase uma obrigação para os hiperconectados. Mas essa necessidade tem um custo alto, como descobriu o americano Rene Remund, que recebeu uma fatura de US$ 143 mil (quase R$ 776 mil) da operadora T-Mobile após uma viagem à Suíça.
Remund, de 71 anos, ficou surpreso ao saber que a utilização de menos de 10 GB de dados resultaria em um valor tão absurdo. “Nunca imaginei que seria uma vítima… do roaming”, comentou em um anúncio da Airalo, uma startup que oferece uma alternativa mais econômica para evitar sustos como esse.
O eSIM e a facilidade de uso
A solução oferecida por empresas como a Airalo e a Holafly é o chamado eSIM. A tecnologia funciona como um chip virtual, dispensando o uso de chips físicos para conectividade móvel. Com ela, o viajante consegue adquirir pacotes de dados pelo celular e, em minutos, já está conectado às redes de operadoras locais.
É uma verdadeira revolução para quem quer evitar burocracias, como a compra de chips físicos que exigem documentos e assinatura de contratos em outro idioma.
Até então, as opções para quem precisava de conexão no exterior eram contratar pacotes de roaming, que custam caro, ou se arriscar em redes Wi-Fi públicas. A chegada do eSIM simplifica a vida de quem viaja com frequência e precisa de internet para postar, trabalhar ou mesmo se manter atualizado sobre notícias e assuntos familiares.
Brasil: um mercado promissor
O mercado de eSIM vem crescendo rapidamente, com uma projeção de atingir US$ 6,29 bilhões globalmente até 2032, segundo a Fortune Business Insights. E o Brasil é um dos mercados de maior interesse para startups como a Airalo, já que cerca de 10 a 15 milhões de brasileiros viajam ao exterior todo ano, muitos deles em busca de uma opção de conexão econômica e sem surpresas na conta.
Bahadır Özdemir, CEO da Airalo, está de olho nesse público. Ele cofundou a empresa com Abraham Burak em 2019, e juntos já levantaram mais de US$ 67 milhões em investimentos. Entre os investidores, destacam-se gigantes do setor de telecomunicações, como Telefónica, Orange e Deutsche Telekom.
Para Özdemir, a entrada no Brasil é uma grande oportunidade, dado o alto custo do roaming oferecido pelas operadoras locais, especialmente em destinos mais distantes, como Ásia e Europa.
No Brasil, a Airalo já conta com uma equipe de 20 pessoas, mas um dos grandes desafios da expansão é a compatibilidade dos smartphones com a tecnologia eSIM. Ainda que muitos modelos recentes tenham suporte, o mercado de smartphones no Brasil ainda precisa avançar para acompanhar essa inovação. No entanto, com o crescente interesse dos consumidores, essa barreira deve diminuir nos próximos anos.
Como funciona o serviço?
A Airalo funciona de maneira simples: o usuário faz o download de um aplicativo ou acessa o site da empresa, escolhe o pacote de dados, e a partir daí a conexão é ativada no eSIM do dispositivo. A startup trabalha com um sistema pré-pago, o que significa que o viajante só paga pelo que vai usar.
Um pacote básico com 1 GB de dados para sete dias, válido em 135 países, custa apenas US$ 9 (cerca de R$ 49), enquanto uma versão com 10 minutos de chamadas e 10 SMS sai por US$ 15 (R$ 82).
Esse modelo evita surpresas e torna o serviço acessível até mesmo para quem só quer uma conexão rápida para alguns dias de viagem. Para quem viaja com frequência ou a negócios, a Airalo também oferece pacotes maiores, que atendem até o segmento B2B. A ideia é que empresas possam oferecer conectividade para suas equipes e até integrar o eSIM às operações, ampliando as possibilidades de uso dessa tecnologia.
Parcerias e futuro da tecnologia
A Airalo e outras empresas do setor trabalham em parceria com operadoras locais, permitindo que turistas utilizem as redes das principais operadoras do Brasil, como Vivo, TIM e Claro. Esse modelo de negócios é vantajoso para ambas as partes, pois enquanto a startup oferece a tecnologia, as operadoras lucram com a conectividade.
Com atuação em mais de 200 países, a Airalo já conta com uma base de 10 milhões de usuários. Segundo Burak, a empresa quer expandir ainda mais e, para isso, está focada em tornar o serviço conhecido por um público mais amplo.
“Existe um problema de conscientização do consumidor, e precisamos trabalhar nisso para que todos saibam que há uma alternativa aos altos custos do roaming”, explica o COO.
Em um mundo onde a conectividade é quase tão importante quanto o passaporte, a opção de um eSIM surge como um alívio para quem viaja. Afinal, ninguém quer voltar de férias com uma dívida de quase um milhão de reais, certo?