A Globo está num verdadeiro jogo de cintura para manter o Premiere, seu canal de pay-per-view de futebol, atraente aos fãs do esporte. Após perder o direito de transmissão de parte dos jogos do Campeonato Brasileiro de 2025 na TV aberta para a Record, a emissora agora tenta amenizar os danos com acordos estratégicos no mercado de streaming.
A Liga Forte União (LFU), bloco de times que inclui Corinthians, Fluminense e Fortaleza, fechou com a Record para exibir partidas do Brasileirão. Com isso, a Globo perde uma fatia importante das transmissões de futebol.
No entanto, a emissora ainda negocia para assegurar a presença desses times no Premiere, sua plataforma de PPV, na esperança de atrair os torcedores mesmo que não tenha exclusividade completa. Essa informação foi divulgada pela coluna Play, do jornal O Globo, apontando o esforço da emissora para contornar o prejuízo.
O impacto da concorrência no Premiere
O Premiere já vinha enfrentando desafios antes mesmo da perda dos direitos para a Record. Durante a pandemia de Covid-19, a Globo reduziu drasticamente o valor das assinaturas do canal, que em 2019 custava R$ 109,90 mensais. O preço anual foi ajustado para R$ 358,80, dividido em parcelas de R$ 29,90.
Essa medida visava aumentar o público do PPV, mas também refletia a pressão crescente da concorrência e a perda de campeonatos regionais, como o Carioca e o Baiano.
Nos últimos anos, o Premiere conseguiu uma façanha: entre julho e setembro de 2024, bateu recorde de assinantes, com uma base de clientes 56% maior em comparação ao mesmo período de 2023. Esse aumento trouxe um alívio financeiro importante para a Globo, com uma arrecadação prevista de R$ 750 milhões para este ano.
Grande parte desses assinantes contratou o serviço diretamente pelas plataformas da emissora, sem a necessidade de passar por operadoras de TV paga, o que aumentou a receita da Globo.
Record volta ao Brasileirão e ameaça monopólio da Globo
A entrada da Record na disputa pelos direitos do Campeonato Brasileiro marca um momento histórico. A emissora, que não transmitia o Brasileirão desde 2006, fechou um acordo com a LiveMode, representante da LFU, para exibir o torneio no triênio 2025-2027.
Essa parceria interrompe o domínio de quase duas décadas da Globo sobre o futebol nacional. Para os torcedores, significa mais opções de canais para assistir aos jogos, mas para a Globo, representa uma perda significativa de influência no mercado esportivo.
Com o contrato entre a Record e a LFU, a Globo agora conta apenas com a Libra, grupo que inclui times como Flamengo, São Paulo e Palmeiras. Isso limita as transmissões que o Premiere pode oferecer de forma exclusiva.
Por rodada, a Globo teria direito a transmitir quatro jogos no Premiere e dois no SporTV, mas a exclusividade completa, essencial para o modelo de negócio do pay-per-view, está cada vez mais ameaçada.
Futuro do Premiere em risco com o aumento da concorrência
Para se manter relevante, a Globo está em conversas com gigantes do streaming, como a Warner Bros Discovery e a Disney. Ambas as empresas buscam expandir suas plataformas e podem se beneficiar ao incluir conteúdos do Campeonato Brasileiro. Uma parceria com esses players poderia salvar o Premiere e oferecer aos fãs mais alternativas para acompanhar o torneio.
No entanto, a incerteza sobre o futuro do Premiere ainda preocupa a empresa. Sem exclusividade em muitos jogos e com a crescente adesão dos torcedores aos serviços de streaming, o modelo tradicional de pay-per-view da Globo pode se tornar inviável. A emissora precisa agir rapidamente para evitar que o Premiere perca seu espaço para rivais que estão investindo pesado em tecnologia e acessibilidade.
Aposta no Premiere como diferencial
Mesmo com as adversidades, o Premiere continua a ser uma das principais fontes de receita da Globo. A plataforma ainda oferece a Copa do Brasil, e a emissora mantém o discurso de que possui “a maior oferta de jogos do futebol brasileiro”.
Mas, para manter a confiança dos assinantes e assegurar que o Premiere seja competitivo, a Globo precisará reformular sua estratégia e encontrar novas formas de monetização.
Com o mercado de transmissão de futebol em rápida transformação, o caminho da Globo parece incerto. No entanto, o Premiere, com sua base fiel de assinantes, ainda tem potencial para se destacar – desde que a emissora consiga garantir aos torcedores uma experiência única e diferenciada.
Esse novo cenário desafia a hegemonia da Globo e exige uma adaptação ágil e inovadora para que a emissora permaneça como referência no mercado de transmissões esportivas. O desfecho dessa disputa definirá os rumos do futebol brasileiro nos próximos anos e, quem sabe, abrirá as portas para um mercado mais democrático e acessível.