13/11/2024

Ações da Oi despencam 60% em um só pregão; saiba o que motivou a derrocada

Ações da Oi (OIBR3) caíram 60% em um único dia, e tornam-se 'penny stock'. Entenda os fatores que contribuíram para essa queda expressiva.

As ações ordinárias da Oi (OIBR3) sofreram uma queda de 60% nesta terça-feira (12), cotadas a apenas R$ 1,00, após oscilar ao longo do dia entre R$ 2,50 e R$ 0,91. Esse recuo significativo acontece em um contexto de reestruturação financeira e judicial que tem pressionado a operadora a vender ativos e diluir a participação de antigos acionistas.

queda das ações da Oi na Bolsa de Valores B3

Com mais essa baixa, a desvalorização da Oi em 2024 já se aproxima de 85%, um reflexo de desafios financeiros que não parecem próximos de uma solução.

Assembleia para eleger novo conselho agrava incertezas

Um dos pontos críticos para a atual queda foi o anúncio de uma assembleia geral extraordinária (AGE), marcada para 11 de dezembro, onde os acionistas deverão votar em um novo conselho de administração.

A proposta sugere reduzir o número de membros de nove para sete, ajustando o tamanho do conselho ao novo cenário da empresa. A votação também incluirá uma reforma no estatuto social, alinhando-o ao recente aumento de capital.

A assembleia, no entanto, trouxe preocupações adicionais para o mercado, que teme que novos ajustes no controle da Oi possam gerar ainda mais instabilidade nos papéis da empresa. A diluição acionária gerada pelo aumento de capital também tem impacto direto nos antigos acionistas, que agora detêm uma participação bem menor na empresa.

Aumento de capital: credores assumem o controle

O aumento de capital recente, aprovado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), permitiu que a Oi captasse aproximadamente R$ 1,39 bilhão com a emissão de novas ações. Essa medida veio com o objetivo de aliviar parte das dívidas da operadora, mas também resultou em uma diluição massiva dos acionistas, que agora possuem apenas uma fatia minoritária na companhia.

A nova estrutura acionária coloca os credores como principais controladores da empresa. A gestora Pimco passou a deter 36,48% das ações, seguida por SC Lowy, com 12,27%, e Ashmore, com 9,53%. Essa reestruturação acionária fez com que os credores se tornassem os principais beneficiários da emissão de ações, enquanto antigos acionistas enfrentaram uma perda expressiva de valor.

Resultados financeiros fracos no 3º trimestre

Outro fator que pesou sobre as ações da Oi foi a divulgação de um balanço desfavorável para o terceiro trimestre de 2024. Embora a empresa tenha registrado um lucro líquido de R$ 243 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 2,8 bilhões do ano anterior, outros indicadores continuam problemáticos.

A receita líquida caiu 13,7% em comparação ao mesmo período de 2023, enquanto o Ebitda fechou negativo em R$ 335 milhões, sinalizando uma dificuldade para gerar caixa e manter a rentabilidade.

A continuidade dos problemas financeiros coloca a estratégia de reestruturação da Oi em xeque, já que a operadora ainda enfrenta desafios para equilibrar suas contas e sustentar seu modelo de negócio.

Esse cenário reforça a percepção de que, apesar das recentes mudanças, a companhia ainda terá um longo caminho pela frente até alcançar estabilidade.

Venda de ativos para cobrir dívidas

Para tentar conter a crise, a Oi prossegue com a venda de ativos como parte do seu plano de recuperação judicial. Recentemente, a empresa fechou a venda de torres e imóveis para a SBA Torres Brasil por R$ 40 milhões. No entanto, como a SBA é credora da Oi, a transação permite o uso de créditos detidos contra a companhia para o pagamento, o que significa uma entrada limitada de novos recursos.

Essa estratégia de alienação de ativos é uma tentativa de reduzir o endividamento e focar em seu segmento B2B, através da Oi Soluções. A empresa quer se concentrar no atendimento a empresas e reduzir a dependência de grandes investimentos.

Contudo, a redução do portfólio também enfraquece a companhia no mercado, levantando dúvidas sobre sua capacidade de competir em um setor com forte demanda por inovação e infraestrutura.

O futuro da Oi: incertezas e ajustes

A queda vertiginosa das ações da Oi hoje reflete as incertezas em torno do futuro da operadora. Com a reestruturação financeira em curso e a perspectiva de novos ajustes no conselho de administração, o mercado reage de forma negativa, expressando dúvidas sobre a viabilidade da companhia.

Especialistas indicam que a Oi precisa entregar resultados mais consistentes e reverter a percepção de fragilidade financeira. A entrada dos credores como principais acionistas representa uma mudança drástica, mas ainda não garante que a operadora conseguirá resolver seus problemas financeiros.

A combinação de um conselho reduzido, alienação de ativos e maior controle dos credores é vista como uma tentativa de enxugar a estrutura da empresa, mas os desafios para restaurar a confiança do mercado e retomar o crescimento permanecem evidentes.

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