Lista de contratos milionários da companhia de abastecimento de São Paulo só foi divulgado após pressão de organizações não governamentais. |
Enquanto a cidade de São Paulo vive uma das piores secas da sua história, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) pratica baixas taxas para o fornecimento de água para grandes consumidores do líquido tão valioso. São empresas como a Volkswagen, Petrobras, Ford, Walmart, EMTU, São Paulo Futebol Clube, Nestlé, Pernambucanas, GM, Citibank, Accor, Eletropaulo, Gerdau, Unimed Paulistana, Contax, Toyota, Banco Safra, Igreja Universal do Reino de Deus, HSBC, C&A, Igreja Pentecostal “Deus é Amor”, Corinthians, Igreja de Jesus dos Santos dos Últimos Dias, CPTM, Dell, Accenture, Grupo de Comunicação Três, Bombril, SPTrans, Santos Futebol Clube, Embraer, Honda, Colgate, Bradesco, Santander, Grupo Abril, TV Record, Itaú, Pão de Açúcar, Mc Donald’s e outros mais de 500 contratos divulgados pela agência de reportagem e jornalismo investigativo “A Pública”, após meses de tentativa da Sabesp de esconder a lista.
No setor de telecomunicações, a Embratel e a Telefônica (controladora da Vivo) aparecem como beneficiárias do programa empresarial da companhia de abastecimento. A Embratel tem a sua disposição 5 milhões de litros mensais de água e paga R$ 6,19 para cada m³ (mil litros).
A toda poderosa Telefônica/Vivo – líder no setor de telefonia móvel brasileiro – é a empresa que possui o “melhor” contrato de todas as outras analisadas. Pagando apenas R$ 3,90 para cada mil litros de água consumidos, a empresa pode utilizar até 55,8 milhões de litros de água todos os meses do ano. O contrato de R$ 13,058 milhões da companhia com a Sabesp é um dos mais antigos, datado em 05 de novembro de 2003.
Os contratos de demanda firme são assinados pela Sabesp com grandes consumidores, geralmente empresas, que utilizam mais de 500 mil litros de água em um mês. São praticadas tarifas especiais em ordem decrescente, ou seja, quanto mais o cliente corporativo consumir, mais desconto ele vai ter na conta de água, que pode chegar a até 70% – diferente de um consumidor residencial, que é punido caso ultrapasse o seu limite de consumo.
A estratégia é feita pela companhia de abastecimento para evitar que seus clientes master busquem outras fontes de água, como carros-pipa e poços. Obviamente não é um crime, mas começou a ganhar pressão do Ministério Público, de ONGs e da imprensa após toda a crise de água que vem assolando São Paulo, com o questionamento: será que é justo milhões de pessoas estarem sem água nas torneiras, enquanto um seleto grupo de firmas são “incentivadas a gastar”?
Procuradas pelo Minha Operadora, a Telefônica Vivo e a Embratel ainda não se pronunciaram sobre as validades e termos dos seus respectivos contratos com a Sabesp.