Companhia espera que a maior parte do seu faturamento até 2017 venha de serviços de dados. Na foto: Rodrigo Abreu e Marco Patuano, respectivamente presidentes da TIM e Telecom Italia. |
O Grupo Telecom Italia (controlador da TIM Brasil) divulgou ao mercado o seu plano de investimentos para o triênio 2015-2017. Durante esses próximos três anos, a companhia prevê fazer investimentos da ordem de 14,5 bilhões de reais (4 bilhões de euros) em sua operação nacional. Parte considerável desse dinheiro deve vir da venda de torres realizada pela empresa nos últimos meses, e que continua ocorrendo. Na Itália, o investimento será de 32 bilhões de reais (10 bilhões de euros).
Dentre as previsões assumidas pela operadora para o Brasil, está o crescimento da receita arrecadada com serviços de dados (internet), mas a queda no serviço de voz (ligações) e SMS (mensagem de texto). A TIM fez uma comparação entre o ano de 2010 e 2020. Somente o gasto dos clientes com internet móvel deve crescer.
Em 2010, o serviço de SMS representava 4% do faturamento total da TIM. Em 2020, as mensagens devem representar apenas 1%.
Já o faturamento com chamadas recebidas de números de outras operadoras, onde a TIM recebe uma comissão das teles por minuto (VUM), representava 27% do total arrecadado. Em 2020, esse faturamento deve representar somente 2%, o que pode ser explicado principalmente pela redução da tarifa praticada nas ligações entre operadoras diferentes, imposto pela Anatel.
O faturamento da operadora com ligações realizadas pelos seus clientes, tanto dentro da mesma rede (de TIM para TIM), quanto para outras operadoras, também deve cair. Em 2010, 57% do que a TIM faturou foram resultantes dos gastos dos seus clientes com ligações originadas do seu celular TIM. Em 2020, esse percentual de faturamento com ligações deve despencar para 37%.
Como a TIM pretende repor toda essa queda em suas receitas de voz e SMS? Investindo e focando em internet. Ainda segundo previsões da operadora, em 2020, de todo o seu faturamento, o gasto com dados deve representar 60%. Em 2010, esse tipo de serviço só representava 12% do valor que entrou nos cofres da companhia. Uma evolução de 48% em 10 anos.
Para lucrar no futuro com serviços de internet, a TIM vai realizar investimentos tanto na rede móvel quanto na fixa. A companhia pretende aumentar o número de ERBs, e principalmente, investir em Small Cells, que são pequenas antenas “camufladas” em determinados locais para ajudar a manter. Neste ano, a TIM pretende contar com 800 sites small cells. Até 2017, esse número deve chegar a 3.477. O que demonstra uma mudança na estratégia de cobertura da operadora. O número de pontos de acesso Wi-Fi também deve subir: 3 mil neste ano de 2015.
A penetração da tecnologia 3G da TIM deve chegar a 86% em 2017 (ainda menos do que atende hoje a Vivo: 87,1%). Mas a tecnologia 4G é que receberá um gás maior. Deve sair dos atuais 37,1% para atender até 79% da população brasileira em três anos.
Backbones (rede subterrânea de fibra óptica) de longa distância também deve ser instalados e aprimorados pela TIM.
A companhia prevê um contínuo aumento na sua base de clientes, mas queda no tráfego do 3G a partir de 2016, que deve ser explicado pela migração dos usuários para uma tecnologia mais avançada, no caso da 4G.
A eficiência operacional da TIM deve permanecer estável e os custos com rede e interconexão também.
Já o seu negócio fixo corporativo e a Live TIM (banda larga fixa) devem apresentar um grande crescimento, segundo perspectivas da empresa. A receita com novas vendas corporativos deve crescer 9 vezes, o mesmo deve se dar com o crescimento da base de clientes da Live TIM, onde a operadora espera ter mais de 500 mil assinantes em sua base.
A operadora espera que sua rentabilidade e lucro Ebitda (antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresçam continuamente neste período.
O suposto negócio de fusão da TIM Brasil com a Oi, num processo de consolidação do mercado de telecomunicações brasileiro, não foi citada como uma previsão para os próximos três anos da operadora de origem italiana. Em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Marco Patuano, presidente da Telecom Italia, disse que a TIM pode “seguir adiante, sem comprar nenhuma empresa”. Mas admite que se houverem propostas, serão sempre analisadas.