Declaração foi dada pelo diretor executivo da América Móvil (controladora da Claro), Daniel Hajj. |
Durante conferência para analistas para comentar o balanço financeiro referente ao primeiro trimestre de 2014, a América Móvil ressaltou o desempenho brasileiro devido às sinergias conseguidas com a integração de operações. O grupo mexicano, que é controlador da Claro, Net e Embratel no País, mostrou, entretanto, certo desconforto com as iniciativas do governo brasileiro para realizar um novo leilão de 4G.
O CEO da América Móvil, Daniel Hajj, explicou que há um crescimento “muito, muito alto” no uso de dados móveis no Brasil, e que o grupo tem investido no 4G, ressaltando que entre 60% a 70% das estações radiobase LTE da Claro estão conectadas com fibra. Entretanto, o executivo desconversa quando perguntado sobre novos investimentos para o futuro leilão da faixa de 700 MHz. “Ainda não sabemos exatamente o que será e quando será”, afirma. “Não precisamos de outro leilão, não precisamos do 700 MHz hoje para o serviço LTE no Brasil”, completa.
O posicionamento não é inesperado. O presidente da Claro Brasil, Carlos Zenteno, mostra certo desconforto com as incertezas que cercam o leilão. Em 2012 ele já esperava que houvesse regras flexíveis que fossem complementares ao do certame da faixa de 2,5 GHz. No ano passado, a preocupação ainda era técnica:”O ponto é que não sabemos quais serão as exigências para as empresas. Talvez o melhor seja esperar a transição que já estava prevista na TV digital para depois abrir a faixa (para a banda larga móvel)”, disse ele a este noticiário à época.
De qualquer forma, a América Móvil declara estar feliz com os negócios no mercado brasileiro. Para Daniel Hajj, o desempenho da companhia no País neste primeiro trimestre, principalmente com a Claro e a Net, é fruto de esforços anteriores. “O que temos investido no último ano tem aparecido agora. Nos últimos três ou quatro anos temos sido a companhia que investe mais no Brasil, e agora estamos vendo os resultados”, declara.
O crescimento de 1,5% no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) no Brasil foi mais um fator que a América Móvil comemorou. “Podemos sustentar a margem do EBTIDA em 26,1% no mercado este ano. Não sei exatamente se o mercado vai estar muito mais agressivo do que hoje, mas em custos de gastos e integração, acho que podemos manter essa taxa para os próximos trimestres”, diz Hajj.
O CEO do grupo destacou ainda a estratégia de ofertar serviços móveis da Claro agregados aos pacotes fixos, como vem fazendo com a Net. “A integração das companhias tem sido muito bem sucedida, e é como estamos fazendo o quadruple play”, destaca Hajj. “Não queremos muitos assinantes, queremos qualidade.” As recentes ações de reestruturação societária da Net e Embratel também ajudaram no resultado deste primeiro trimestre. “Estamos integrando e todas as sinergias têm sido bastante boas e, em diferentes aspectos, no comercial também”, diz. “Estamos trabalhando na integração de rede, com plataforma unificada, para ter economia em manutenção e no Capex”, acrescentou o chief operational officer (COO) Oscar Von Hauske.
Outro ponto festejado pelo CEO Daniel Hajj foi o desempenho da TV por assinatura, tanto com o cabo quanto na oferta de DTH. “O serviço por satélite tem crescido bastante”, declara o executivo, dizendo-se “feliz com o Brasil no momento”.
Juntando todas as operações, a América Móvil registrou lucro líquido de 13,887 bilhões de pesos mexicanos (US$ 1,060 bilhão) no trimestre, uma queda de 48,3% em relação ao primeiro trimestre de 2013. Ao comentar o lucro operacional de 38,7 bilhões de pesos (US$ 2,95 bilhões, crescimento de 0,2%), a companhia justificou ao apresentar um custo financeiro de 8,3 bilhões de pesos (US$ 634 milhões) que “representa, na maior parte, pagamentos de juros líquidos em nossa dívida”. Além disso, a empresa afirma que no ano passado registrou “um lucro composto de 1,4 bilhão de pesos (US$ 107 milhões) que foram acrescidos de ganhos com taxa de câmbio internacional na quantia de 17,4 bilhões de pesos (US$ 1,329 bilhão)”.
O ponto é que a empresa está observando uma melhora na qualidade da base. Hajj garante que há uma tendência de migração de base nos principais mercados do grupo. “No México e na América Latina temos ganhado em número de portabilidade no pós-pago. Isso é um bom indicador de que estamos ganhando bons assinantes no mercado”, diz.
As mudanças na regulação de telecomunicações no México ainda são aguardadas pela empresa, que se evadiu ao comentar o impacto negativo da nova lei. “Vamos ter mais certeza, mais previsibilidade. A oportunidade é que finalmente vamos ter permissão de fazer TV na Telmex para ter convergência”, ameniza Daniel Hajj. De qualquer forma, algumas das novas regras foram colocadas já em prática. “Começou no dia 6 de abril a lei da Ifetel (Instituto Federal de Telecomunicaciones), e não podemos mais cobrar roaming nacional. Temos também assimetria (na cobrança) das taxas de interconexão”, diz.
Com informações de Teletime.