Renovação da diretoria deixa pequenos acionistas mais aliviados por manter a Vivo longe da TIM, pelo menos por enquanto. |
Os acionistas da Telecom Itália (controladora da TIM) elegeram ontem Giuseppe Recchi como presidente do Conselho, em uma renovação que nomeou, pela primeira vez, diretores independentes para supervisionar o grupo de telecomunicações.
As mudanças, que asseguraram que o Conselho não tivesse executivos da Telefônica (controladora da Vivo), maior acionista da companhia, foram bem recebidas pelos investidores minoritários preocupados com um possível conflito de interesses porque as empresas espanhola e italiana operam como concorrentes no Brasil.
A medida também teve como objetivo auxiliar o presidente-executivo Marco Patuano a dar foco ao avanço do grupo, cuja dívida líquida de quase 27 bilhões de euros (37 bilhões de dólares) chega a quase três vezes o lucro do seu negócio principal.
Recchi, ex-executivo da General Electric e presidente do Conselho do grupo petrolífero Eni, ganhou 97% dos votos.
Recchi foi o candidato apresentado pela Telco, grupo liderado pela Telefônica que detém 22,4% da empresa italiana, embora não tenha laços com o conglomerado, sendo, portanto, um presidente independente.
O conselho da Telecom Itália foi por anos dominado pela Telco. A falta de uma representação adequada para os investidores minoritários levou a um motim no ano passado, a fim de provocar mudanças no Conselho.
Temendo mais tumultos, a Telco propôs um novo grupo no mês passado, liderada por executivos independentes como Recchi.
Patuano enfrenta escolhas difíceis sobre a futura estratégia do grupo no Brasil, um mercado que deverá passar por consolidação e onde sua subsidiária TIM Brasil concorre diretamente com a subsidiária da Telefônica, a Vivo.
Fontes próximas à Telefônica disseram que o grupo quer dividir a TIM Brasil e dividir seus ativos com outras empresas. O empresário italiano Marco Fossati, que é o segundo maior acionista da Telecom Itália com fatia de 5%, se manifestou contra a ideia e sugeriu combinar a TIM Brasil com a operadora de banda larga GVT, uma subsidiária da francesa Vivendi.
A reformulação no conselho da Telecom Itália deve permitir que o presidente-executivo da companhia, Marco Patuano, foque na renovação de operações domésticas do grupo e dará à espanhola Telefônica mais tempo para negociar uma possível oferta conjunta com outras operadoras brasileiras envolvendo a TIM. As afirmações foram feitas por fontes próximas da situação, tendo em vista a assembleia da Telecom Itália marcada para 16 de abril.
A Telecom Itália precisa investir pesado para atualizar sua rede na Itália e capturar uma demanda crescente por banda larga ao mesmo tempo em que busca reduzir dívida líquida de quase três vezes o lucro e enfrenta rivais como a Vodafone, que tem muito dinheiro em caixa.