A Oi divulgou nesta sexta-feira, 21, laudo de avaliação do Santander Brasil sobre os ativos da Portugal Telecom que serão usados no aumento do capital a partir da colocação pública de ações da Oi.
A análise, que exclui a participação que o grupo português possui no Brasil, aponta que os ativos valem 1,7 bilhão de euros. O documento mostra ainda que foi levado em conta um valor de empresa de 8,38 bilhões de euros que reúne, além dos ativos, a dívida da Portugal Telecom.
O método utilizado pelo banco foi primordialmente o de fluxo de caixa descontado, que leva em conta premissas de mercado e do plano de negócios da operadora portuguesa de telefonia e traz a valor presente as estimativas de fluxo de caixa. Esses valores são, então, descontados por custo médio ponderado de capital, o WACC.
O documento é importante porque detalha todo o método utilizado pelo banco para avaliar os ativos da Portugal Telecom que serão utilizados no aumento de capital que precede a fusão com a Oi.
A Tempo Capital, acionista minoritária da brasileira, disse que esperava o laudo para opinar se o cálculo dos ativos foi inflado ou não.
Os investidores da Oi temem que a diluição de sua fatia na empresa seja grande demais, com a parcela destinada aos portugueses e aos controladores atuais turbinada pela avaliação.
O principal negócio dessa parcela da Portugal Telecom que foi avaliada pela instituição é a operação em seu mercado natal. Em Portugal, o Santander calculou em 0,5% a queda média anual da base de clientes residenciais da companhia, de 2013 a 2018. Para o segmento pessoal (que inclui telefonia móvel), há perspectiva de alta de 0,8%. A área corporativa é a que mais cresceria, com avanço no mesmo período de 1,2%.
Já a receita média por usuário (ARPU, na sigla em inglês) aparece em tendência oposta. O laudo indica alta de 1,2% nesses seis anos no indicador para o negócio residencial, queda de 1,9% para o mercado pessoal e recuo de 5,4% no âmbito corporativo.
O documento também mostra que os lugares que trazem maior possibilidade de ganho em receita para o grupo português de telecomunicações são a Hungria (alta de 3,5% no ARPU), a telefonia fixa do Timor Leste (6,1%), a operação fixa de Cabo Verde (2,6%) e a área de TV do mesmo país (10,8%).
Essas premissas trouxeram estimativa de 3 bilhões de euros em receita líquida para 2018, considerando os ativos da Portugal Telecom excluindo a Oi e a Contax. A cifra significaria queda de 1,5% ante 2013. Somando o valor presente do fluxo de caixa de cada um dos anos do período, descontando o custo de capital e projetando a perpetuidade dos negócios, o valor da empresa chegaria a 8,38 bilhões de euros.
O laudo exclui a dívida líquida da operadora, não levando em conta as participações minoritárias, as obrigações com benefícios e soma a fatia em companhias que não estão consolidadas no balanço para chegar nos 1,7 bilhão de euros. Ao câmbio de ontem, de 3,26 euros por cada R$ 1, o valor seria de R$ 5,57 bilhões.
Reação do mercado
As ações da Oi subiam, há pouco, 2,4%, a R$ 3,84, na maior alta do Ibovespa. O principal índice da bolsa operava praticamente estável, com alta de apenas 0,10%, a 47.336 pontos.
Na manhã desta sexta-feira a companhia convocou, oficialmente, assembleia de acionistas para o dia 27 de março.