24/11/2024

WhatsApp não freou fake news durante eleições, diz estudo

Pesquisa apontou que aplicativo falhou em bloquear a propagação de desinformação e notícias falsas por meio de grupos.

Foto: Alfredo Rivera/Pixabay

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais no Brasil (UFMG) e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, constatou que o WhatsApp não conseguiu adotar medidas para evitar o encaminhamento de fake news em grupos públicos, durante as recentes eleições do Brasil, Índia e Indonésia.

O estudo foi realizado no dia da eleição, 60 dias antes e 15 dias depois, nos três países. Os pesquisadores entraram em vários grupos públicos no WhatsApp para ver o tipo de conteúdo que era compartilhado na plataforma.

Segundo o artigo, notícias falsas podem se espalhar rapidamente em grupos públicos, alcançando posteriormente os grupos privados e, finalmente, os usuários individuais. Isso permitiu que campanhas de desinformação planejadas por profissionais de marketing afetassem o cenário político com conteúdo falso e com alto potencial para se tornar viral, principalmente durante as eleições.

A pesquisa chegou à conclusão que a facilidade de transferência de conteúdo multimídia no aplicativo tornam a implantação de contramedidas para combater a fake news extremamente difícil.

Em julho de 2018, o WhatsApp começou a testar um limite de encaminhamento de mensagens. Em janeiro, a empresa anunciou que todos os usuários das versões mais recentes do aplicativo só poderão encaminhar mensagens para apenas cinco conversas por vez. A ideia é reduzir a quantidade de conteúdo viral e manter as mensagens privadas.

“Nossos resultados sugerem que os esforços atuais implementados pelo WhatsApp podem oferecer atrasos significativos na disseminação de informações, mas são ineficazes no bloqueio da propagação de campanhas de desinformação por meio de grupos públicos quando o conteúdo tem uma alta natureza viral”, afirma um dos autores do artigo.

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Os pesquisadores constataram que na Indonésia, 80% das imagens compartilhadas em bate-papos em grupos públicos apareceram por no máximo dois dias. Já na Índia e no Brasil, as imagens continuam aparecendo mesmo depois de dois meses.

Isso significa que os usuários têm mais tempo para visualizar e compartilhar essas mensagens com amigos e familiares. E é exatamente assim que as mensagens virais têm o potencial de afetar a opinião pública.

Segundo o estudo “Reuters Institute Digital News Report 2019” 76% dos usuários brasileiros do WhatsApp fazem parte de grupos, 58% participam de grupos com pessoas que eles não conhecem e 18% desses grupos discutem política.

Na última semana, a CPMI da Fake News decidiu por convocar representantes do WhatsApp. Além do aplicativo, órgãos, empresas, personalidades, autoridades e especialistas vão ser chamados para depor sobre a possível interferência de notícias falsas na eleição presidencial.

Nesta quarta-feira, 2, devido à votação da reforma da previdência no Congresso, o senador Angelo Coronel (PSD), presidente da CPMI, cancelou a sessão marcada para hoje às 13h30.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro são membros da CPMI da Fake News e tentam inviabilizar a comissão. Para o deputado, a comissão visa derrubar o presidente Jair Bolsonaro.

“Eles vão botar no relatório que Bolsonaro foi eleito com base em fake news e então protocolarão um pedido de impugnação de JB [Jair Bolsonaro] no TSE e de impeachment na Câmara”, afirma o Eduardo no Twitter.

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