22/11/2024

Sem sinal de celular, moradores de distrito são obrigados a improvisar

Moradores do distrito Bueno de Andrada, em Araraquara (SP), reclamam da péssima qualidade do sinal de celular. A situação gera transtornos no dia a dia, no comércio e até na Polícia Militar. Sem alternativas, muitos precisam improvisar para conseguir falar no local. As operadoras prometem investimentos no local.

O balconista Paulo Sérgio Benedito explicou que uma das formas encontradas pela população para conseguir algum sinal é ficar ao lado de postes. ”Tem que ficar garimpado o lugar para achar sinal. O lugar mais fácil de falar é perto do poste, que já está ficando famoso já. Em casa, quando alguém me liga, eu tenho que sair para fora para falar perto de um poste. Ele toca, mas fica mudo”, afirmou.

A comerciante Angela Bonatto perdeu a conta do prejuízo que teve na sorveteria. A máquina de cartões só funciona com sinal de telefonia móvel. “Ela é móvel e não tem ponto nem para fazer ligação e nem para passar cartão. A gente vai para fora. Quando a máquina não funciona, alguns clientes têm consciência e voltam para pagar, mas tem gente que come e tchau”, reclamou.

Para conseguir fazer a operação de crédito, ela vai até a praça, mas nem sempre dá certo e ela volta sem concluir o pagamento. “O sinal está em 3% de sinal e para passar tem que estar na faixa de 18%. As vezes está em 18% e você coloca o cartão e cai para 9%, 6% e 3%. Você tem que procurar até encontrar”, afirmou.

O advogado especialista em defesa do consumidor Bruno Rangel afirmou que, se há falhas no serviço, o consumidor pode romper o contrato com a operadora sem ter que pagar multa. “Como foge da questão individual, os moradores podem se reunir e procurar a promotoria pública. A partir do momento que ele receber a reclamação formal desses consumidores, dessa coletividade, esse promotor tem legitimidade para propor uma ação contra a empresa , contra a operadora de telefonia, para que ela faça adequação de seus serviços e cubra a área que divulgou”, destacou.

No telhado da casa do estudante Fabrício Amaral Garcia, tem uma antena de TV e, logo abaixo, uma outra foi instalada para receber o sinal de celular. Mesmo assim, o improviso não garante nada. Ele só consegue sinal se o celular estiver encostado no fio da antena. “Tem que colocar no viva-voz e todo mundo acaba escutando a ligação”, destacou.

Até a Polícia Militar enfrenta problemas. Mesmo com o telefone fixo e o rádio na sede, muitas vezes o policial precisa usar o celular. “Faz falta porque a gente precisa falar com o resgate e a ambulância. Muitas vezes o médico pede para entrar em contato para passar mais informações como idade, sintomas da pessoa”, disse o policial militar Mac Donald Garcia Júnior.

De acordo com a Anatel, as operadoras de telefonia móvel são obrigadas a oferecer 80% de cobertura para todos os municípios, incluindo os distritos.

As assessorias de imprensa da TIM e da Vivo informaram que não possuem cobertura no distrito, mas que têm projetos para atender o local. Já a assessoria da Claro disse que trabalha de acordo com a resolução da Anatel e investe sempre na expansão da rede. Também afirmou que o distrito faz parte da área de cobertura da operadora, mas que mesmo assim serão feitos mais investimentos para melhorar o sinal até o fim do ano.
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