25/11/2024

Hacker é preso suspeito de fraudar sistema de empresas de telefonia

Um jovem de 26 anos, suspeito de aplicar golpes em operadoras de telefonia avaliados em mais de R$ 30 milhões, foi apresentado pela Polícia Civil de Uberlândia durante coletiva de imprensa. Preso no Bairro Copacabana na última quarta-feira (8), ele foi apontado como o chefe de uma quadrilha de estelionatários, que invadia o sistema das empresas para baixar débitos, copiar dados internos e fazer migrações fraudulentas de planos. 

A ação foi nomeada como “Operação Cracker”, devido à capacidade do suspeito em acessar e fraudar sistemas internos das operadoras. As empresas alvos da quadrilha, até agora, são CTBC, Vivo e Claro. O Ministério Público recebeu informações de que uma quarta operadora também foi vitimada pelos estelionatários, mas ainda não há nenhum registro formal. Mas estima-se que o prejuízo envolvendo todos os golpes ainda possa ultrapassar R$ 50 milhões.

Segundo a delegada do 1º Distrito de Polícia Civil (DPC), Gabriela Garcia Damasceno, o hacker e principal suspeito é José Júlio Godói Junior, de 26 anos, que trabalhou por dois anos em uma das operadoras em Uberlândia e que, inclusive, já tem passagem e responde um processo de estelionato movido pela empresa. “Chegamos a esse suspeito após uma série de informações e cruzamento de dados. Temos indícios suficientes de que ele não trabalhava sozinho, mas que chefiava uma quadrilha. Até em razão dos conhecimentos técnicos avançados em informática que ele tem. E foi em virtude desse alto conhecimento ele era capaz de invadir os sistemas das operadoras”, afirmou.

Para ter acesso aos sistemas e realizar as fraudes, na maioria das vezes José Júlio se passava por funcionário das empresas e ludibriava outros colaboradores a fim de conseguir usuários e senhas internas. A partir disso ele habilitava chips, realizava migrações de chips pré-pago para pós-pago para revender em outros países, baixava débitos e fazia o reembolso de valores altos.

Após o mandado de prisão preventiva cumprido, o suspeito foi levado para o Presídio Professor Jacy de Assis e o inquérito será finalizado em até dez dias. Ele vai responder por estelionato praticado pela internet e formação de quadrilha, assim como os demais suspeitos envolvidos, que ainda não foram divulgados pela polícia, porém, já estão sendo investigados. 

As investigações somam três meses e foram iniciadas no Ministério Público Estadual (MPE), após a CTBC protocolar a ação. De acordo com o promotor de Justiça Criminal, Genei Randro Barros Moura, dependendo das conclusões do inquérito, Júlio também poderá responder por outros crimes. “Ao fim das investigações poderemos ter certeza, mas ao que tudo indica há questões de crimes financeiros, fraudes bancárias. Se confirmados, eles também responderão por lavagem de dinheiro”, ressaltou.

Na residência do suspeito os policiais apreenderam um carro de luxo importado, mais de R$ 5 mil em dinheiro, vários aparelhos celulares e chips, equipamentos eletrônicos com tecnologia de ponta, documentos pessoais e um passaporte. A suspeita é de que Júlio viajaria com uma outra pessoa para o exterior. “Pelo que foi visto na casa durante a abordagem, ele vivia com um alto padrão de vida”, comentou Gabriela.

Atualmente, Godói trabalhava em uma empresa de telemarketing na cidade. Ele também confirmou que por dois anos foi funcionário da Algar Tecnologia, empresa do mesmo grupo de telefonia que protocolou a ação, e que os materiais apreendidos não pertencem a ele. “Não tenho nada a declarar, as investigações não foram concluídas. Quem tem R$ 50 milhões não anda de carro financiado, nem mora de aluguel como eu”, se defendeu.
Por telefone, a assessoria de imprensa da Algar Telecom (CTBC) informou ao #Minha Operadora que tomou conhecimento da prisão do suspeito e que irá contribuir com todas as informações necessárias para a conclusão do inquérito policial. A assessoria informou, ainda, que José Júlio Godói Junior foi funcionário da Algar Tecnologia, mas saiu em 2006.

Por meio de nota, a Telefônica|Vivo informou que sempre colabora com o poder público em todas as investigações que se façam necessárias e que está à disposição das autoridades para ajudar em mais esse caso.

Entramos em contato com a assessoria da Claro, mas os e-mails não foram respondidos até a publicação desta postagem.
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