A bola só entra em campo daqui a dois meses, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Mas a Copa das Confederações, desde já, começa a fazer parte da vida dos consumidores brasileiros. Na semana passada, a Claro saiu na frente na disputa com as demais concorrentes e lançou a tecnologia 4G nas seis cidades-sede do campeonato que serve de teste para a Copa do Mundo de 2014. As regiões que contam a partir de agora com o serviço de quarta geração da telefonia, cuja velocidade de conexão pode ser até dez vezes superior à atual, são Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, Belo Horizonte e Salvador.
Essas cidades se somam a Porto Alegre, Curitiba, Paraty, Campos do Jordão e Búzios, locais onde a Claro lançou experimentalmente a tecnologia há alguns meses. Ao todo, agora, são 11 localidades cobertas pelo 4G da operadora. “Até 31 de dezembro deste ano chegaremos também à totalidade das cidades-sede da Copa do Mundo”, disse em entrevista à Dinheiro Carlos Zenteno, presidente da Claro. As sedes do principal evento de futebol do mundo são, além dos municípios que receberão a Copa das Confederações, São Paulo, Manaus, Natal, Cuiabá, Porto Alegre e Curitiba. Essas duas já são atendidas pela companhia.
Todo esse processo de implantação da tecnologia exigirá da Claro um investimento de R$ 1,5 bilhão. A cobertura do serviço alcançará 60% do território de cada uma dessas regiões, o que corresponde ao percentual mínimo estabelecido em contrato com a Anatel. “Tivemos um processo bem difícil até aqui, considerando que havia poucos meses para fazer a instalação”, diz o executivo. “Implantar uma nova rede é sempre algo muito complexo.” A operadora controlada pela companhia mexicana América Móvil, do empresário Carlos Slim, deu a largada e, em breve, deve ser seguida pelos concorrentes.
Isso porque o cronograma estabelecido pela Anatel para o início do 4G no Brasil estipula que as empresas (além da Claro, adotarão a tecnologia a Vivo, a Oi e a TIM) iniciem a oferta do 4G nas cidades-sede da Copa das Confederações até 30 de abril. Caso passem da data, elas perdem o valor que pagaram à Anatel como garantia, e a agência definirá uma multa. A operadora Vivo deve apresentar seu serviço na data-limite. Já a Oi, que dividirá a mesma infraestrutura de tecnologia com a TIM, pode anunciar seus pacotes ainda nesta semana. “As operações comerciais e o atendimento aos clientes de cada uma das empresas serão completamente independentes”, afirma a empresa italiana, por meio de comunicado.
“Cada companhia será responsável pela prestação dos seus serviços e por garantir a qualidade a seus respectivos usuários.” Por se tratar de uma inovação que requer investimentos polpudos, o retorno financeiro deve demorar a chegar ao caixa das empresas, além de dificultar a recuperação dos recursos destinados às redes de 3G (instaladas no País em 2008), que ainda nem se pagaram. “O total investido na atual infraestrutura de 3G deve voltar aos caixas das operadoras somente daqui a dois anos”, diz Samuel Rodrigues, analista de telecomunicações da consultoria IDC. O tempo para reaver o investimento na quarta geração, no entanto, deve ser mais curto.
“O 4G deve se pagar em cerca de três anos, porque hoje os consumidores brasileiros já adquiriram a cultura de usar a internet pelo smartphone.” Para recuperar mais rapidamente a verba investida, é preciso vencer alguns desafios. O primeiro deles é ter uma boa variedade de aparelhos que comportem o 4G, o que pode não acontecer rapidamente. Essa frequência de conexão está disponível, hoje, em poucos modelos de celulares no mercado. No caso da Claro, o portfólio de produtos adaptados contempla somente o Samsung Galaxy S III 4G, o Nokia Lumia 820 e o Motorola Rarz HD. “Vamos lançar uma campanha nos próximos dias com promoções de aparelhos com 4G”, afirma Zenteno. Os usuários que já possuem um smartphone apto à nova tecnologia podem migrar do atual plano 3G.
Enquanto os planos da terceira geração custam a partir de R$ 29,90 para celulares, os de 4G serão comercializados por um valor médio de R$ 79. A transição em massa para o 4G agora, porém, não convém às empresas, porque isso exigiria muito das novas redes num momento de implantação do sistema, segundo Rodrigues. “Como estratégia, elas devem fazer essa mudança com parcimônia”, afirma. “O provável é que elas reduzam o preço dos planos de 3G e criem pacotes mais sofisticados para o 4G”, diz. Por essa razão, a nova tecnologia deve chegar primeiro a bairros nobres das cidades atendidas. A cautela pode ser um bom remédio para evitar grandes dores de cabeça nos períodos iniciais da implantação do sistema e, assim, garantir um serviço de qualidade aos consumidores.