25/11/2024

Embaixada da China responde tweet provocativo de Eduardo Bolsonaro

Deputado federal defendeu a tese norte-americana de que os chineses praticam espionagem industrial com o 5G. Confira na íntegra a resposta chinesa.

Imagem: Wilson Dias/Agência Brasil

Na última segunda-feira, 23, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), publicou tweet no qual acusava a China de praticar espionagem cibernética e defendia uma aliança internacional para bloquear o uso da tecnologia 5G chinesa.

A postagem já foi apagada, mas a resposta chinesa veio rapidamente.

Em nota, a embaixada da China no Brasil chamou as declarações do deputado como “infames”, que elas ameaçam a cooperação entre China e Brasil, e que elas não condizem com o cargo que Eduardo ocupa.

“Isso é totalmente inaceitável para o lado chinês e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento. A parte chinesa já fez gestão formal ao lado brasileiro pelos canais diplomáticos”, disse a embaixada.

Pequim considera as acusações de espionagem cibernética como “calúnias” inventadas por norte-americanos e disse que os próprios Estados Unidos têm um “histórico indecente em matéria de segurança de dados”.

Os chineses lembraram os 46 anos de relações diplomáticas sino-brasileira, que a China é o maior parceiro comercial do Brasil há 11 anos consecutivos, e que as exportações brasileiras para o país oriental neste ano já ultrapassaram os US$ 58 bilhões (R$ 311,70 bilhões na cotação atual).

A China se diz um “amigo” e “parceiro” do Brasil, com uma relação “estável e sadia”.

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Confira o documento divulgado pela embaixada da China na íntegra.

Em um fio de mensagens publicado no Twitter, dia 23/11, o deputado federal Eduardo Bolsonaro acusou o Partido Comunista da China e empresas chinesas de praticar espionagem cibernética e defendeu a iniciativa dos EUA de criar uma aliança internacional que discrimina a tecnologia 5G da China. Tais declarações infundadas não são condignas com o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Prestam-se a seguir os ditames dos EUA no uso abusivo do conceito de segurança nacional para caluniar a China e cercear as atividades de empresas chinesas. Isso é totalmente inaceitável para o lado chinês e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento. A parte chinesa já fez gestão formal ao lado brasileiro pelos canais diplomáticos.

Ao longo dos 46 anos de relações diplomáticas, a parceria sino-brasileira conheceu um rápido desenvolvimento graças aos esforços de ambas as partes. A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil há 11 anos consecutivos e é também um dos países com mais investimentos no Brasil. Entre janeiro e outubro, as exportações brasileiras para a China foram de US$ 58,459 bilhões, respondendo por 33,5% do total de exportações do Brasil. As cooperações na telecomunicação e em outros setores foram construídas sobre bases sólidas e alcançaram avanços a passos largos. A China tem apoiado o Brasil no enfrentamento da pandemia da COVID-19, assegurando o suprimento de materiais, fornecendo assistência humanitária e compartilhando experiências. Os fatos comprovam, repetidas vezes, que a China é um amigo e um parceiro do Brasil e que a cooperação bilateral impulsiona o progresso de ambos os países e traz benefícios para os dois povos. Uma parceria bilateral estável e sadia está em sintonia com os interesses fundamentais e de longo prazo de ambas as partes, e, por isso mesmo, conta com o apoio de amplos setores da sociedade brasileira. Devemos continuar a expandir nossa parceria em diversas áreas, sempre alicerçados no respeito mútuo, na igualdade e no benefício recíproco.

Como firme defensora da segurança cibernética internacional, a China lançou a Iniciativa Global sobre Segurança de Dados a fim de construir um ambiente digital de abertura, equidade, imparcialidade e não discriminação. O governo chinês incentiva empresas chinesas a operar com base em ciência, fatos e leis enquanto se opõe a qualquer tipo de especulação e difamação injustificada contra empresas chinesas. Os EUA têm um histórico indecente em matéria de segurança de dados. Certos políticos norte-americanos interferem na construção da rede 5G em outros países e fabricam mentiras sobre uma suposta espionagem cibernética chinesa, além de bloquear a Huawei visando alcançar uma hegemonia digital exclusiva. Comportamentos como esses constituem uma verdadeira ameaça à segurança global de dados.

Na contracorrente da opinião pública brasileira, o deputado Eduardo Bolsonaro e algumas personalidades têm produzido uma série de declarações infames que, além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil. Acreditamos que a sociedade brasileira, em geral, não endossa nem aceita esse tipo de postura. Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil.

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