A Telecom Italia, controladora da brasileira TIM, analisa uma oferta de compra da GVT, admitiu o presidente-executivo do grupo italiano, Marco Patuano, um dia após um investidor estrangeiro propor uma injeção de novo capital na maior operadora da Itália.
O magnata egípcio Naguib Sawiris, que vendeu a terceira maior operadora de telefonia móvel da Itália, a Wind, no ano passado, quer voltar ao país ao investir na endividada operadora por meio de um aumento de capital.
A Telecom Italia disse na segunda-feira que consideraria a proposta de Sawiris e que apresentou alguns detalhes a seu Conselho de Administração, mas nenhum dos envolvidos divulgou o tamanho e os objetivos do possível investimento.
Notícias publicadas na imprensa italiana indicaram um montante de até 4 bilhões de euros e disseram que a manobra pode ajudar a Telecom Italia a financiar a compra da GVT.
Fontes disseram que a Vivendi quer pelo menos 7 bilhões de euros pela GVT, e que a Telecom Italia é uma das quatro companhias que obtiveram documentos sobre a operadora brasileira. O prazo para ofertas preliminares e não vinculativas é até o final do ano, disseram as fontes.
“A GVT é uma operadora de telefonia fixa e no Brasil já temos a segunda maior operadora de telefonia móvel, então é certamente algo a se analisar, assim como estamos analisando outras coisas”, disse o presidente-executivo da companhia, Marco Patuano, a jornalistas em Roma.
Questionado se a companhia considera a possibilidade de um aumento de capital em linha com a proposta de Sawiris, Patuano respondeu: “Neste momento, não há necessidade”.
Ele se recusou a fazer mais comentários sobre o interesse de Sawiris pela companhia.
A empresa também tem avaliado um possível desmembramento de sua valiosa rede de telefonia fixa na Itália, e mantém negociações com o fundo estatal de investimentos Cassa Depositi e Prestiti (CDP) sobre o projeto.
A Telecom Italia é controlada por uma holding não listada, a Telco, que detém 22,4% de suas ações. O grupo espanhol Telefónica e os italianos Assicurazioni Generali, Mediobanca e Intesa Sanpaolo são acionistas da Telco.
Patuano (que amenizou a declaração afirmando que a empresa olha “muitos ativos”) é o primeiro dos supostos interessados em admitir públicamente interesse na operadora de telecomunicações, colocada à venda pelos controladores do grupo francês Vivendi.
Já havia sido revelado o interesse da Oi, América Móvil, DirecTV e da Telecom Italia, sempre de acordo com fontes não identificadas.
A Vivendi comprou a GVT em 2009 por € 2,9 bilhões, depois de uma disputa acirrada com a Telefónica/Vivo.
Segundo dados da Anatel, a GVT é um ativo atraente para qualquer operadora atuando no Brasil.
“Possui uma rede moderna e oferece banda larga de alta velocidade em 136 municípios brasileiros. Trata-se de uma operação rentável com margem EBITDA superior a 40%”, destaca o órgão.
Apesar de a GVT ser um motor importante de crescimento para o grupo francês, também consome nível considerável de recursos da empresa, que passa por um momento de turbulência em suas finanças.
O conglomerado francês tem dívidas altas e nos últimos meses o preço de suas ações atingiram a sua pior cotação em nove anos.
Além da GVT, a empresa cogita vender a Activision Blizzard, uma das maiores distribuidoras de games do mundo.
Porém, muitos consumidores não estão satisfeitos com a notícia. Uma eventual compra da GVT pela Telecom Itália seria má notícia para o consumidor brasileiro, visto que atualmente ambas empresas estão engajadas em uma guerra de preços no serviço de banda larga rápida baseada em fibra ótica no país.
Em agosto, a TIM lançou um serviço de banda larga similar ao que já era oferecido pela GVT, baseado em fibras ópticas.
Durante toda a tarde de hoje, o nome da empresa “GVT” era um dos assuntos mais comentados do país, na maioria das vezes com críticas a possível venda da operadora para a TIM.