Mesmo tendo dezembro de 2013 como prazo estabelecido para a implementação do sinal de internet 4G, Porto Alegre terá de driblar um obstáculo se quiser ter o serviço de forma eficaz. Isso porque a atual legislação municipal dificulta as operadoras de instalarem estações de radiobase. Para permitir a conexão ao sistema de velocidade superior ao 3G é necessário ampliar significativamente a quantidade de antenas para a emissão do sinal.
“Para o 4G é necessário quase que quadruplicar o número de antenas frente ao que existe hoje. E Porto Alegre é a cidade com a legislação mais rigorosa do Brasil em relação à instalação de estações radiobase. Se essa questão regulatória não for resolvida, vai ser difícil termos a implementação eficaz do 4G na Capital gaúcha”, acredita o presidente da Federação Brasileira de Telecomunicações (Febratel), Hélio Bampi, que esteve nesta quinta-feira na Capital para participar de um seminário promovido pela Fiergs com foco no setor.
Segundo Bampi, a legislação é um entrave que vai além do solo porto-alegrense e, por isso, precisa de uma regulamentação nacional. “Nessa modernização de tecnologia, é necessário criar uma lei nacional que desburocratize a implantação das estações radiobase. Se isso não for resolvido rapidamente, vamos ter um retardamento da implantação do 4G em Porto Alegre e em outras cidades”, afirma o presidente da Febratel. Para ele, seria ideal haver uma solução para o tema até o final do ano. Ele lembra que os ministérios das Comunicações e das Cidades já estão tratando o assunto com a Anatel.
O número de antenas só não precisará ser maior porque as quatro executoras do serviço vão compartilhar a estrutura. “Essa tecnologia precisa antenas próximas umas das outras, a não mais de 300 metros de distância”, justifica João Bettoni, gerente da Anatel no Rio Grande do Sul.
Porto Alegre compõe a segunda leva de sedes da Copa do Mundo de 2014 que terão a tecnologia até 31 de dezembro de 2013, conforme a Anatel. Antes, em abril do próximo ano, as seis localidades que receberão a Copa das Confederações devem ter o sinal. Para os demais municípios com mais de 100 mil habitantes, a previsão de disponibilidade é 31 de dezembro de 2016. A qualidade da conexão 4G, porém, é uma incógnita na opinião de Edgar Serrano, presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Estado. “O 3G, que é o produto atual, funciona muito mal no Brasil. Fico preocupado em relação à qualidade do serviço a ser prestado”, menciona.
A indústria gaúcha já se mobiliza para lucrar com o 4G. Uma das contrapartidas impostas às operadoras que arremataram lotes no leilão da Anatel está no uso de equipamentos e tecnologias nacionais. Entre 2012 e 2014, 60% dos produtos e tecnologias utilizadas precisam ser produzidas internamente. Esse percentual sobe para 65% no biênio 2015 e 2016 e para 70%, entre 2017 e 2022.