Se tudo acontecer como planejado pelo governo, as operadoras começarão a ofertar banda larga móvel de quarta geração (4G) já na primeira metade de 2013.
Na terça-feira, os principais grupos de telecomunicações do País entregaram suas propostas para participar do leilão das faixas de frequência de 2,5 gigahertz destinadas ao 4G, e as operadoras têm tratado o tema como estratégico, embora ainda seja difícil avaliar a agressividade de cada uma no certame.
Mas apesar de certa antecipação sobre o novo serviço, o 4G – que permitirá acesso móvel ultrarrápido à internet – não deve ser prioridade para as operadoras no curto e médio prazos, levando em conta o alto preço ao consumidor dos aparelhos com tecnologia LTE, voltada ao 4G, e do potencial ainda inexplorado de expansão do 3G no país.
“No curto prazo o 4G vai ter poucos usuários”, afirmou o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude. Em entrevista durante o Reuters Latin American Investment Summit, na semana passada, o presidente da Oi, Francisco Valim, afirmou que o 3G ainda terá um longo caminho pela frente.
“Você não vai parar de investir em 3G… Como agora é que está acontecendo a migração para o smartphone, o 3G ainda tem uma onda grande para surfar nesse processo, para aí então vir a onda do 4G”, afirmou Valim.
Esse cenário se aplica a todas operadoras no Brasil atualmente, que investiram bilhões de reais em suas redes de 3G e têm apurado forte crescimento nesse segmento nos últimos trimestres.
Para o presidente da Teleco, o principal inibidor do 4G em um primeiro momento serão os aparelhos, já que os dispositivos para a nova tecnologia carecem da escala de produção dos smartphones 3G atuais, os quais já podem ser encontrados com preços inferiores a 400 reais.
“O 3G vai crescer ainda muito, e para o LTE começar a crescer existe ainda o problema de preço de aparelhos”, afirmou Tude. Também é preciso levar em conta que dos 253 milhões de acessos móveis (1,3 por habitante) apurados em abril no Brasil, apenas pouco mais de 54 milhões eram de 3G – ou cerca de 21 por cento do total, segundo dados mais recentes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
“Prevemos que o segmento móvel continue se expandindo nos próximos meses devido à intensa atividade comercial realizada pelas operadoras e os investimentos em novas tecnologias e infraestrutura”, afirmou em relatório recente a equipe de análise do Banco Espírito Santo.
Segundo relatório da GSMA, associação que representa diversas operadoras de telefonia móvel em todo o mundo, a banda larga móvel alcançará 310 milhões de acessos na América Latina em 2015, contra cerca de 60 milhões no ano passado.
O equilíbrio entre preço, qualidade e cobertura vai também determinar como as empresas vão tratar o avanço do 3G, e buscarão se diferenciar dos concorrentes com benefícios únicos além dos bem-sucedidos “planos ilimitados” divulgados no setor para chamadas dentro da mesma rede.
A líder de telefonia móvel no país, a Vivo, por exemplo, tem apostado fortemente no discurso da qualidade. “Não existe espaço no mercado para oferecer um serviço de qualidade e cobrar muito a mais”, afirmou o diretor-executivo de marketing da Vivo, Daniel Cardoso. A operadora já atua em mais de 2.700 municípios e seguirá ampliando sua presença.
Já a Oi pretende elevar sua cobertura 3G de 65 para 80% da população brasileira neste ano, e investimentos diretos na rede atual devem garantir boa prestação de serviços, que fará a diferença para o consumidor e para a venda de planos. “Com o mercado que o Brasil tem as operadoras estão sob muita pressão (em suas redes)”, disse o diretor de produtos e mobilidade da Oi, Roberto Guenzburger.
A TIM não pretende ficar para trás, embora tenha planos de expansão de sua rede 3G mais modestos do que as concorrentes. A empresa do grupo Telecom Italia, que atualmente cobre 512 cidades com 3G, estima chegar a 80% da população urbana do Brasil até o fim de 2013 com a tecnologia. “A companhia também trabalha, atualmente, na modernização de equipamentos, dobrando a velocidade da infraestrutura de acesso”, disse a empresa em comunicado à Reuters.
A Claro não respondeu a pedidos de comentários sobre sua estratégia.