Ao longo desse final de semana, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), por meio de uma série de reportagens, tornou público vários documentos do setor de compliance da fabricante Ericsson, que indicam a prática de subornos e corrupção. Em um relatório de 79 páginas e planilhas constam informações de que a empresa cometeu atos ilegais em vários países, com suspeita, inclusive no Brasil.
No documento foram registrados 15 países com práticas ilegais: Angola, Brasil, Egito, Líbano, Líbia, Portugal, África do Sul, Espanha, Estados Unidos, Iraque, Azerbaijão, Marrocos, Bahrain, China e Croácia.
O ICIJ não deu detalhes sobre quais as práticas ilícitas a Ericsson tenha feito no Brasil, mesmo o país aparecendo entre aqueles onde problemas são reconhecidos pelo departamento de compliance. O consórcio de jornalistas deve divulgar um novo material nos próximos dias. De acordo com Tele.Síntese, que procurou a subsidiária, informaram que o assunto é tratado exclusivamente pela matriz.
As ações mais graves da empresa foram identificadas no país iraquiano, onde há negociações com o grupo terrorista ISIS, compra de autoridades de governo, compra de influência, superfaturamento de notas e evasão de divisas. Ali, os atos se deram depois da fabricante ter se comprometido com autoridades norte-americanas a não incorrer mais em tais práticas – em 2019, a empresa teve de pagar US$ 1 bilhão aos EUA em multas. No Iraque, os negociadores da Ericsson compraram acesso a cidades controladas pelo ISIS.
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Os documentos ainda culpam principalmente a subsidiária local. No entanto, afirma que a supervisão da matriz é muito frágil, facilitando que a corrupção se alastra de forma “sem precedentes” e resultasse em movimentos tão altos e constantes que sequer puderam ser identificados em seu total.
O relatório interno da Ericsson obtido pela ICIJ cobre o período entre 2011 e 2019, cujo mostra que a subsidiária da fabricante falsificou balanços, firmou contratos de fachada, inflou faturas e recorreu a atravessadores. Mas afirma também que as investigações sobre os acordos com os terroristas não foram aprofundadas.
Em meados de fevereiro, a Ericsson declarou em comunicado que foram identificadas práticas ilegais no Iraque, inclusive contato com o grupo ISIS. No entanto, afirmou que adotou posturas rígidas referente às filiais ao redor do mundo para encontrar e coibir desvios internos do código de ética do grupo.