Relembre a trajetória da GVT até a sua venda para a Vivo. |
No dia 18 de setembro de 2014, a companhia de telecomunicações espanhola Telefónica, proprietária da Vivo no Brasil, anunciava que havia acabado de acertar a compra da operadora de serviços fixos Global Village Telecom (GVT), do grupo francês Vivendi, pelo equivalente a 7,2 bilhões de euros (algo em torno de R$ 28,1 bilhões na cotação atual). Foi uma das maiores transações do setor de telecomunicações brasileiro na história.
A partir de então, começou uma corrida para a conclusão da fusão entre as duas empresas. Os termos do negócio passaram por análise da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Ambos aprovaram a operação, apenas tendo a Anatel imposto algumas condições, dentre elas a entrega de uma das outorgas nas áreas de São Paulo em que houvesse sobreposição de rede e a saída da Telefónica do capital da Telecom Italia, por sua vez proprietária da TIM Brasil.
A Telefónica aceitou se desfazer das ações que tinha na Telecom Italia para dar prosseguimento ao seu processo de fusão com a GVT no Brasil. A espanhola vendeu a sua parte para a Vivendi, ex-proprietária da GVT.
Campanha de lançamento de serviços convergentes
Oficialmente a Vivo já é uma empresa de telecom quadruple-play de nível nacional. O pontapé para a nova fase da empresa foi dado na noite desta quinta-feira, 14 de abril, quando a operadora utilizou um espaço exclusivo na abertura do Jornal Nacional, da TV Globo, no horário nobre da televisão brasileira, para apresentar a emocionante campanha “Viva Tudo“, em que se apresenta como sendo uma operadora completa.
São duas versões, uma de 1 minuto, exibida no JN e disponível na internet, e outra de 30 segundos, para inserções publicitárias aleatórias nos principais canais da TV aberta e fechada. Em nenhum momento do filme, no entanto, a marca GVT aparece ou é mencionada, e nem deve ser mais exibido nenhum outro comercial em que a GVT se faça presente. Tudo para que ela seja definitivamente esquecida.
O Minha Operadora foi pioneiro na divulgação do comercial de virada de marca da GVT para Vivo. Se você ainda não viu esta matéria, pode rever agora o vídeo:
Observação: para os interessados, o nome da música que toca no comercial da Vivo é “Somewhere Only We Know”, cantada na versão feminina pela cantora Lily Allen (a versão masculina é da banda inglesa de rock alternativo Keane).
Contraponto
O sucesso da nova campanha da Vivo – Viva Tudo – está sendo ofuscado pela indignação dos usuários de internet com a informação que circula na imprensa de que ela (a Vivo), juntamente com a Oi, estão preparando a adição de limites de franquia para a internet banda larga fixa, a exemplo do que já acontece na NET Serviços.
No vídeo principal da campanha publicado no YouTube, a quantidade de deslikes (não gostei) já chegava a 19 mil até o momento da publicação deste artigo. Enquanto isso, a quantidade de likes (joinha ou gostei) era de apenas 700. Uma diferença de 2.714% – simplesmente o vídeo mais negativado do canal da operadora na rede social do Google.
A Vivo ignora os comentários raivosos e cheios de xingamentos pesados que estão sendo publicados pelos usuários nas redes sociais. A quem diga, no entanto, que o vídeo a seguir, publicado no final da noite de ontem, foi uma indireta:
Redes sociais
As contas da GVT e GVT TV no Twitter e Facebook já estão fechadas. Um aviso de despedida foi publicado em todas elas. A ordem agora, obviamente, é para seguir e curtir as contas da Vivo.
Ligações Interurbanas
É preciso ter atenção! A partir de hoje o código de seleção de prestadora (CSP) para realizar chamadas de longa distância dos telefones fixos da GVT da Vivo é o 15, não mais o 25.
Rito do impeachment
Para quem não lembra, a Vivo seguiu o mesmo rito de remoção de uma marca do mercado há exatos quatro anos. Foi o processo de impeachment destituição da logomarca Telefônica dos serviços fixos atuantes no estado de São Paulo.
Assim como foi neste mês com a GVT, no dia 2 de abril de 2012 a Vivo iniciou uma campanha massiva nos principais veículos de comunicação para anunciar a mudança de marca da Telefônica para Vivo. A ideia foi seguir o exemplo de outros países em que o Grupo Telefónica atua, nunca utilizando seu nome para contato direto com o público. Lá fora, a Telefónica tem as operadoras O2, no Reino Unido, e Movistar, na América Latina, com exceção do Brasil, onde está presente a Vivo.
No dia 15 de abril de 2012 – sempre uma referência ao código 15 -, também entrou no ar uma campanha em cadeia nacional pela Rede Globo de Televisão. Como a data caiu no domingo, o programa escolhido para a apresentação foi o Fantástico, líder em audiência. Foi apresentado este vídeo de 1 minuto:
Trajetória da GVT
A Global Village Telecom recebeu, em 1999, autorização da Anatel para atuar no Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) brasileiro. Entrou em operação no ano 2000, fundado por Amos Genish (atual presidente da nova Vivo) com o apoio de fundos internacionais. Além de telefonia fixa e internet banda larga, a operadora também se aventurou no ramo de TV por assinatura via satélite.
Referência quando o assunto era internet de alta velocidade, foi eleita por sete vezes consecutivas (2009 – 2014) a melhor banda larga do Brasil pelo prêmio Inovação, da revista INFO, publicada pela Editora Abril. Presente em quase todo o território nacional, a GVT sempre foi muito premiada por causa da qualidade dos seus serviços e excelência no atendimento. Ela era a única operadora com central de atendimento 100% própria.
Seu bom desempenho sempre foi observado de perto pela concorrência e atraiu até olhares estrangeiros. Ao passo que expandia sua área de atuação, ia capturando clientes por onde passava, tornando a GVT uma gigante do setor em pouquíssimo tempo. Em 2009, Amos Genish vendeu a GVT para o grupo de mídia francês Vivendi (dono da gravadora Universal Music), mas continuou na presidência da companhia.
No decorrer de 2014, as companhias europeias Telecom Italia (TIM) e Telefónica da Espanha (Vivo) travaram uma dura batalha para ver quem oferecia a melhor proposta para adquirir a GVT. A Telefônica/Vivo acabou vencendo. Foi cogitada a possibilidade de só trocar a marca GVT para Vivo três anos após a conclusão da fusão. Mas Amos Genish teve pressa, e não quis repetir o que fez a mexicana América Móvil, que deixou Claro, NET e Embratel com a percepção de empresas diferentes, apesar de serem uma só empresa. “Como eu construí esse nome, também tenho o direito de matar a marca”, esbravejou Genish para diretores da Telefônica.
Em apenas 19 meses, tudo ficou pronto. Fardas de funcionários foram trocadas, fachadas de pontos de venda receberam novos retoques, os carros dos técnicos ganharam novos adesivos, e equipamentos (modens e antenas DTH) começaram a sair de fábrica com outra aparência. Estima-se que a Vivo gastou R$ 25 milhões com este processo de mudança.
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