13/04/2025

SKY completa 22 anos; relembre os marcos da companhia

Sabia que era preciso gastar quase R$ 1.000 pela antena da SKY? E que a Globo se uniu a Televisa para lançar a Sky no Brasil? Veja mais curiosidades.




1996, ano em que a internet no Brasil começava a ganhar
forma, também ficou marcado pela chegada de uma empresa que atualmente é a segunda do país em número de assinantes de TV por assinatura. Estamos falando
da SKY, que completa 22 anos neste domingo.

Ao longo de sua trajetória temos o lendário embate com a
DirecTV, sua chegada ao mercado da banda larga, e até entraves recentes sobre se a sua operação no Brasil ainda é válida. Confira abaixo alguns marcos desses 22
anos de história da SKY no Brasil.

1996 – Projeto latino


Formada pela britânica British Sky
Broadcasting (BSkyB)
juntamente com a News Corporation, Liberty Media e o
Grupo Televisa, o objetivo da SKY era ingressar o México no segmento de TV por assinatura. Sua fundação por lá é 1º de agosto de 1996.

Praticamente em paralelo, no Brasil, duas gigantes, Abril e
Globo
, se movimentavam para trazer ao país o serviço de TV por satélite,
tecnicamente chamado de DTH (Direct to home).

A primeira a chegar com essa proposta ao Brasil foi a Abril,
que administrava a TVA, com a implementação da DirecTV. Além da Abril, o
projeto contou com a participação da americana Hughes Comunication, a mexicana
Multivision e o conglomerado Cisneros, da Venezuela. Foram investidos US$ 450
milhões no projeto.



Seis meses após esse anúncio, o Grupo
Globo, juntamente com a Liberty Media, News Corporation e a Televisa, lançaram
a SKY. O investimento era tão significativo quanto da sua concorrente: US$ 445
milhões.


1997 – DirecTV no
calcanhar e o “Mosaico” como trunfo

Assim como praticamente todas as tecnologias que hoje se
tornaram de fácil acesso, no início elas eram altamente restritas, reservadas a um nicho que poderia desembolsar uma boa grana pelo acesso. A
assinatura da TV por satélite não era diferente. Os preços da época eram os
seguintes:

Durante o processo de decisão de lançamento do serviço no Brasil a Globo até
conversou com a DirecTV para uma 
possível aliança, conforme explica o
livro
  TV por assinatura: 20 anos de evolução (2009 / Editora Seta).


No entanto, a parceria não foi adiante. A Globo não confiava que o
modelo americano da DirecTV funcionaria no Brasil, e a gigante brasileira
também não queria ser apenas uma representante da DirecTV.



Mesmo com o amparo da poderosa Globo a DirecTV estava melhor calçada em termos de tecnologia, a qualidade de imagem era superior e sua cobertura era mais ampla, graças ao satélite GalaxyIIIR, da Hugues Aircraft, garantindo que o serviço pudesse ser oferecido em todo o Brasil.


A SKY, por um questão emergencial, precisou recorrer ao satélite PAS3R, da PanAMSat, que já estava em órbita no Brasil. A cobertura era apenas para a costa do país e para a região Sudeste.


Dentre os recursos que formaram o DNA do modo SKY de TV por assinatura o principal é o Mosaico, um sistema interativo em que o  assinante acessava um canal especifico clicando sob sua logo. 



Em relação aos canais, graças ao envolvimento da Globo, a SKY tinha exclusividade com as opções disponíveis pela Globosat.


1998 – Satélite mais robusto, chegada do
SKY Premiere e a liderança do mercado

Em 1998 a SKY passou a utilizar um novo satélite, o PAS-6, desenvolvido com uma tecnologia mais avançada de compreensão de sinal e com maior potência. 


Com o novo satélite a operadora de TV pôde ampliar a oferta de canais, como as opções Pay-Per-View, com a inclusão do SKY Premiere, composto por 18 canais – 16 deles com filmes. No mesmo ano a quantidade de canais SKY Premiere foi dobrada.




Neste ano a SKY também assumiu a liderança do serviço DTH no Brasil, ultrapassando a DirecTV. Essa virada de mesa aconteceu, em grande parte, pela extinção do serviço NETSAT, em antenas parabólicas – banda C, que migraram para a SKY e seu DHT – banda Ku. Estima-se que 69 mil assinantes migraram para a SKY.

2000 – Sky chega em novos países da América Latina



A SKY foi lançada na Argentina (porém suas operações por lá duraram pouco, já que em 2002 foi encerrado) e na Colômbia.


Neste ano o prejuízo líquido da SKY Brasil cresceu 194%, fechando em US$ 50 milhões. No segundo trimestre do ano US$ 18,5 milhões tiveram que ser injetados, sob aporte de capital. 

Sua participação no mercado brasileiro passou de 12,5% para 16,7%. Na época a SKY tinha no Brasil 555 mil clientes.


2001 – SKY passa a oferecer o serviço de “TV interativa”


Neste ano tivemos mais uma grande novidade para os
assinantes da SKY, a interatividade. Fernando Bittencourt, diretor-geral de
engenharia da Globo, na época deu um exemplo sobre uma das possibilidades do
serviço: “O assinante terá a possibilidade de ver um jogo de futebol pelo controle remoto, acessar outras opções de imagem, como tira-teima,
melhores momentos, outras câmeras”.
Um serviço similar já havia
sido apresentado pela DirecTV em 2000.

No caso da SKY a interatividade chegou
apenas em dezembro de 2001. No início eram 4 canais com recursos interativos:
Tempo (previsões meteorológicas), Esotérico (consulta ao horóscopo, tarô, etc),
Games (com jogos variados, como Jogos da Memória e Resta Um) e Esportes (tabela
dos próximos jogos).

Um ano depois chegou o canal Trânsito (informações sobre o
tráfego do Rio de Janeiro e São Paulo) e em 2003 chegou o canal Loterias
(resultado dos jogos da Caixa Econômica Federal) e o Guia Hotéis (informações
sobre hotéis do país.).


2002 – Globo diminui sua participação na Sky Brasil


Em 2002 a Globo diminuiu sua participação na SKY Brasil,
caindo de 54% para 49,9%. 
O controle passou para os acionistas da News Corporation e
Liberty Media. A redução era uma estratégia do grupo Globo em se concentrar na
produção de conteúdo.

2003 – Compra pelo controle remoto e Fusão da SKY com DirecTV é concretizada



Neste ano a SKY lançou o T-Commerce, a primeira operação de
e-commerce por controle remoto do Brasil.

Esse serviço permitia que o assinante pudesse fazer compras
pelo controle, porém o que realmente chamou a atenção foi o interesse  do magnata da mídia, Rupert Murdoch,
controlador da SKY, na Hughes, que tinha controle sobre a DirecTV. O acordo foi
firmado em abril.

A News Corp, de Murdoch, investiu US$ 6,6 bilhões em 19,9% na Hughes Electronics, que pertencia ao grupo General Motors.
Em 2003 a SKY tinha 730 mil clientes. A DirecTV aparecia em
segundo lugar, com cerca de 500 mil clientes. 
Nos Estados Unidos a DirecTV era a maior operadora de canais pagos, com
11,3 milhões de assinantes.

A repercussão da fusão caiu como uma grande bomba no Brasil.
A NeoTV, associação de TVs a cabo criada em 1999, foi ao CADE (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica)
para impedir a proibição de contratos de
exclusividade de programação. A exclusividade faria com que operadoras
independentes ficassem sem conteúdo competitivo para oferecer aos assinantes.

Com a fusão da SKY com a DirecTV, o grupo passou a ser
responsável por 94,84% do mercado de TV paga no Brasil.



2004 – Lançamento do SKY+, primeiro DVR para serviço DTH no Brasil
A companhia implantou neste ano o pacote SKY+, que tinha como principal
atrativo um sistema de DVR.

O decodificador era equipado com um disco rígido capaz de armazenar, com qualidade digital, até 50 horas de programação.


Com esse recurso
o cliente não precisava assistir determinado conteúdo no horário que estava
sendo transmitido, ele poderia gravar e assistir depois.

“Esse sistema foi totalmente desenhado no Brasil, é
supermoderno e vai revolucionar o modo de ver televisão no País”
, declarou
Rosamélia Girão, diretora de Marketing de Relacionamento da SKY, na época do
anúncio.

2005 – Anatel aprova fusão com a DirecTV

A
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovou o processo de fusão da
SKY com a DirecTV, que teve início em 2003.

Com a fusão o grupo de Murdock passou a
ser responsável por 95% do mercado de TV por assinatura no Brasil




2007 – Sky começa a investir em outros tipos de produtos



Devido ao acordo com as teles Brasil Telecom e Telemar a SKY passou a investir em pacotes de serviço. Além da TV por assinatura, clientes
das cidades do Rio de Janeiro, Niterói, Campo Grande e Brasília, poderiam
assinar pacotes com internet banda larga, telefonia fixa e móvel.

2008 – Sky lança TV por assinatura
pré-paga e compra a Mais TV.
Para aqueles que não queriam ficar “amarrados” a mensalidade a SKY lançou neste ano um serviço pré-pago, permitindo que créditos fossem adicionados para que os canais ficassem liberados.

Havia três opções de crédito: 7 dias (R$ 19,90) e 15 dias (R$ 29,90) e 30 dias (R$ 49,90). O cliente também tinha que adquirir a antena, decodificador e o controle remoto. O kit dos equipamentos custava R$ 299.
Neste mesmo ano a SKY oficializou a compra da Mais TV, operadora de TV por assinatura que atuava com a tecnologia MMDS (por microondas).

2009 – Viva a alta definição! SKY HDTV entra em ação


Em 2009 a gigante da TV por assinatura anunciou seu novo posicionamento de marca, que coroa a entrada na era dos pacotes em alta definição.

O serviço, chamado SKY HDTV, incluiu inicialmente 10 canais em alta definição: Fox HD, National Geographic HD, Discovery Theater HD, TNT HD, MGM HD, HBO Prime HD, HBO Full HD, Space HD, Voom HD e o pornô Sex Zone HD.

Uma grande crítica feita na época era que os canais abertos, como SBT, Globo e Band, não estavam em alta definição na SKY, enquanto na NET e Telefônica a possibilidade era oferecida.

Os dois pacotes SKY HDTV lançados na época eram os seguintes: um que custava R$ 230 menais e outro de R$ 253,90, com os canais HBO.

A divulgação do serviço também vale nota. A SKY escolheu como porta-voz do serviço a modelo Gisele Bundchen. O slogan também colou: HDTV é isso.

2010 – VOD, expansão dos canais em HD e Globo diminui ainda
mais sua participação

Em 2010 nasceu o serviço SKY On Demand, serviço de vídeo on demand (VOD), exclusivo para assinantes com o equipamento SKY HDTV. No acervo, filmes, shows e eventos.

Os conteúdos podiam ser adquiridos e ficavam armazenados no decodificador para que o cliente pudesse assistir quantas vezes
quisesse.

Neste mesmo ano, 26 canais em HD foram adicionados. Ao todo, a SKY passou a ter 36 canais em alta definição.


A Globo, que já havia vendido em 2002 parte da sua participação na empresa voltou a se envolver em uma negociação desse tipo em 2010. O grupo Globo vendeu por US$ 604,8 milhões 18,9%, ficando com apenas 7%.


VIU ISSO?

2011 – Primeira banda larga 4G e o serviço SKY Online são lançados




No fim de 2011, em parceria com a Nokia Siemens, a SKY lançou em Brasília a primeira banda larga 4G da América. Houve também o anúncio do  SKY Online, serviço on-line de locação e compra de vídeos e áudio sob demanda.


2012 – Polêmica em torno do número de
assinantes

Uma irregularidade foi confirmada pela companhia neste ano: o número de clientes no Brasil em 2012 e 2013 foi inflado. Com base em uma investigação interna foi descoberto que mais de 200 mil clientes “fantasmas” foram incluídos na conta. 

2013 – Planos para um novo satélite

Em 2013 a participação da TV por satélite
(DTH) detinha 62% da base de assinantes, contra 37,6% da TV a Cabo. Para
continuar crescendo no mercado a SKY anunciou uma parceria com a Astrium para
o lançamento de um novo satélite, o Intelsat 32, permitindo que ainda mais canais
fossem agregados.



2014 – Seguindo as regras da AT&T

Em maio, por US$ 45,5 bilhões, a poderosa
operadora americana AT&T, adquiriu a DirectTV, assumindo também, com
autorização da Anatel, a divisão da América Latina, responsável pelo controle da SKY.




Você já foi cliente da SKY nesses 22 anos de existência da operadora?


2017 – Novo satélite e investimento assombroso



O grande marco da SKY em 2017 foi o lançamento do seu novo satélite, o SKY Brasil-1 (também conhecido como Intelsat 32).



Foram investidos impressionantes
R$ 1.3 bilhão – valor dividido entre o satélite e o centro de transmissão.

O lançamento do satélite foi feito na
cidade de Kouru, na Guiana Francesa. A fabricação ficou a cargo da Airbus
Defense & Space. Ele é capaz de operar com até 60 transponders (em 1996 a
SKY utilizava apenas 4 transponders).

2018 – Futuro incerto no Brasil e um novo serviço VOD


O
controle da SKY para as mãos da AT&T, que completou a aquisição da Time
Warner
, terceiro maior conglomerado do ramo do entretenimento, acendeu uma
questão importante: sua operação no Brasil ainda é permitida?



A situação esbarra no artigo 5 da Lei do
SeAC (Lei 12.485/2011)
, que impede que empresas de telecomunicações controlem
criadoras de conteúdo e vice-versa. A Time Warner é responsável, por exemplo,
pelos canais HBO, Warner Bros, CNN e Cartoon Network.

A Anatel já se posicionou contrária a fusão, inclusive um dos grandes pontos da administração do novo presidente da agência reguladora, Leonardo Euler, será prosseguir com essa discussão sobre a fusão que interfere no modo da SKY operar no Brasil.

O serviço que a SKY vem divulgando no momento, é a sua nova plataforma de vídeo sob demanda (VOD), o Sky Play, disponível para os clientes que utilizam DVR. O fundamento é o mesmo do antigo Sky on Demand: conteúdo que pode ser comprado e que fica disponível para que o cliente possa reassistir quando quiser.

Vimos nessa retrospectiva de fatos importantes sobre os 22 anos da SKY o quanto a companhia foi importante para moldar o caminho da TV paga no Brasil.
Atualmente, com todo esse imbróglio da sua permanência no Brasil, com seu serviço “raiz”, a TV por assinatura, a SKY ocupa o segundo lugar do mercado nacional, com 28% de quota de mercado e mais de 5 milhões de clientes.

24 COMENTÁRIOS

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A AT&T bem que poderia comprar a Nextel e iniciar a sua expansão no Brasil.

Unknown

Se a Vivo comprar vai ficar tudo uma porcaria.

Rodrigo

Mais isso não poderia, se a Telefônica comprou a Vivo e a GVT, isso não poderia ocorrer uma terceira vez certo? Mais esqueci que o governo só quer a granada dos impostos, piada.

Luiz Carlos Vieira

Se isso acontecer como fica nos que já somos clientes da Nextel alguém me tira essa dúvida saberia me dizer se perderíamos nossos planos de o nome Nextel deixaria de existir como fica nos alguém sabe explicar quando acontece isso numa emprrse tão grande assim