23/11/2024

Streaming continuará aterrorizando TV por assinatura

O streaming representa hoje o que a TV por assinatura convencional ditou no passado, entenda o panorama atual que favorece serviços como a Netflix.


Plataformas de streaming revolucionaram o modo como lidamos com o conteúdo ofertado por produtoras. No passado esse papel disruptivo ficou nas mãos das TVs por assinatura, em todas as suas vertentes, em que o nosso leque de opções de conteúdo foi ampliado, com a segmentação para nichos específicos.


No caso dos serviços de streaming, em que a Netflix é praticamente o sinônimo desse termo, nos acostumamos a ter um controle maior sobre o andamento de uma série, por exemplo, em que o conceito de maratonar está sempre presente, principalmente quando o conteúdo é produzido pela própria empresa do Sr. Reed Hastings, em que todos os episódios de uma temporada são disponibilizados numa tacada só.

O reflexo desses novos tempos – não tão novos, pra falar a verdade, já que está tão enraizado em nosso cotidiano, aparece claramente na redução constante da base de clientes de TV por assinatura.


Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelados essa semana – referentes ao ano passado, revelam que o modelo, já considerado ultrapassado por muitos, de TV por assinatura com um pacote contratado, estava presente em 32,8% dos domicílios no Brasil. No ano anterior esse percentual era de 33,7%. 


A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) diz que de novembro de 2017 ao de 2018, isto é, um intervalo de um ano, as operadoras, que oferecem TV por assinatura, telefonia fixa e serviço de banda larga, perderam 521,77 mil assinantes. Com esse corte, o serviço de TV por assinatura totalizou 17,58 milhões contratos ativos. 

Em 2014 esse setor ainda estava em festa, comemorando que a marca de 20 milhões de assinantes seria alcançada. A meta era que fosse alcançado 30 milhões de assinantes em 2017, isto não aconteceu, e não acontecerá. 

Além das plataformas de streaming, a crise e a pirataria são apontados como fatores para essa grande derrocada da TV paga tradicional. 

Dentre os fatores para não aderir ou cancelar a assinatura de uma provedora de TV, de acordo com o IBGE estão o preço (55,3%) e desinteresse (39,8%). Em apenas 1,6% dos casos o serviço não é assinado pela falta de disponibilidade do serviço em determinada área. Podemos então concluir: A – com a crise econômica é preciso cortar o que não é de vital importância – nessa escolha a TV por assinatura se enquadra. B – as pessoas estão simplesmente perdendo o interesse pelo modelo vigente. 

Além da Netflix, outros gigantes do capitalismo, Amazon e HBO, também contam com suas plataformas, o que só amplia as chances de consumidor optar por esses serviços em virtude da TV paga convencional.


Outro fato contribui para essa reviravolta: o aumento no número de TVs conectadas à internet nos lares brasileiros. Ainda falando de IBGE, o instituto alerta que as TVs com opção de conexão à rede  em 2017 passou a ser utilizado em 16,1% dos domicílios no Brasil – no ano anterior eram 11,7%.


As TVs conectadas, seja por recursos embarcados ou através de set top boxes, torna ainda mais confortável desfrutar de conteúdos oferecidos por plataformas como a Netflix ou até pelo Youtube, que hoje em dia já é praticamente a TV aberta de muitos. 

Vamos traduzir esse comodismo em números: O IBGE ressalta que 81,8% dos brasileiros em 2017 com uma TV conectada declararam que uma das principais finalidades era assistir vídeos, incluindo filmes e séries. 


VIU ISSO?

Adriana Beringuy, responsável pela pesquisa Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) do IBGE, diz que “É mais barato assinar um serviço de streaming do que um pacote de canais de televisão. Então o custo ajuda a explicar isso”.


O mercado brasileiro é importantíssimo para essas plataformas. Em agosto, durante o evento PayTV Forum, foi revelado que a Netflix já é responsável por um quarto de todos os pagantes por serviços de TV no Brasil, e que até o fim de 2018 a plataforma irá alcançar a marca de 10 milhões de assinantes, o que a coloca como a a maior plataforma de TV por assinatura do país e o seu segundo mercado mais importante, atrás apenas dos EUA.

Essa percepção de ser mais barato e, inclusive, com uma gama de conteúdo mais interessante, só aumentará ao longo dos anos, já que para se manter relevante nesse mercado as plataformas de streaming terão que investir cada vez mais em conteúdo próprio, feito em casa, dependendo cada vez menos de terceiros. A Netflix, por exemplo, só em 2018 investiu US$ 12 bilhões em conteúdo próprio!

Em 2019 essa corrida por “conquistar clientes” será a mais emocionante dos últimos anos, já que a Disney lançará o seu próprio serviço de streaming, o Disney +. Prevejo mais e mais pessoas cancelando seus pacotes de TV por assinatura. Vamos aguardar!

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