Vivo entrou com recurso no Conar alegando que diversos outros fatores não mencionados pela concorrente é que definem a maior cobertura. |
O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) informou que recomendou a alteração de campanha da TIM – onde a operadora divulga seu serviço de internet por meio da tecnologia de quarta geração (4G/LTE) na cidade de São Paulo – depois que a Vivo protestou junto ao órgão contra a publicidade.
Tudo começou porque no final de 2014 a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) começou a divulgar os primeiros dados de qualidade e cobertura em um aplicativo recém-lançado chamado “Serviço Móvel“. No app, a TIM aparece como possuindo a maior quantidade de torres de celular compatíveis com a frequência de internet 4G: atualmente 836 antenas da empresa transmitem o sinal, contra 772 da Oi, 563 da Claro e 534 da Vivo.
Após ver que estava bem na frente da concorrência em números, a TIM lançou a campanha local “Navegue com a maior cobertura de São Paulo”, tanto em mídia impressa quanto digital.
A Vivo não gostou de a TIM sair “gritando” para todos os cantos da capital paulista de que possui a maior cobertura da cidade só por conta do seu número de antenas 4G. A operadora do Grupo Telefónica enviou ao Conar um pedido de alteração da campanha da concorrente TIM. No seu texto de argumento, a Vivo alega que não considera devidamente justificado o uso do apelo de “maior cobertura de São Paulo”, já que para um boa cobertura é necessário a junção de uma série de fatores, e o número de antenas é apenas um deles.
No início do ano o Conar já havia recomendado a alteração da campanha da TIM, sugerindo que a operadora apresentasse nas suas campanhas que aquela informação se baseava apenas em dados da cidade de São Paulo.
Mas, para a Vivo, isso não foi suficiente. A operadora recorreu ao Conar pedindo mais esclarecimentos da TIM para o consumidor. O Conar acolheu todos os argumentos da Vivo e pediu para que a TIM adicionasse uma mensagem junto a fonte daqueles dados – no caso a Anatel – a notificação de que a afirmação “melhor cobertura” se refere a quantidade de equipamentos de transmissão do sinal 4G espalhados pela metrópole.
A Vivo tem razão?
De fato, as operadoras TIM e Oi possuem uma maior quantidade de torres de internet 4G espalhadas pelas cidades com cobertura da tecnologia. No entanto, isso não significa que elas possuem uma qualidade de navegação melhor do que Vivo e Claro.
É que durante o leilão da faixa de 2,5 GHz para a rede 4G, realizado pela Anatel em junho de 2012, as empresas TIM e Oi adquiriram licenças – por R$ 340 milhões e R$ 339,8 milhões, respectivamente, para prestar o serviço em uma rede com menor capacidade: apenas 10 MHz. Claro e Vivo pagaram mais: R$ 844,5 milhões e R$ 630,1 milhões, respectivamente, pelo dobro de espaço: 20 MHz (10 + 10 MHz).
Isso significa que para equiparar a velocidade, capacidade e performance geral de suas redes de internet 4G com as demais concorrentes, é mais do que natural – e necessário – que Oi e TIM instalem mais antenas compatíveis com a tecnologia. Porém, isso realmente não quer dizer muita coisa.
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