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A dívida bruta da operadora já chega aos 55 bilhões de reais. |
A operadora de telecomunicações brasileira Oi divulgou, para os investidores e o mercado em geral, os seus relatórios financeiros e operacionais referentes ao quarto trimestre (outubro a dezembro) de 2015 e todo o ano. O prejuízo registrado foi de R$ 4,5 bilhões no último trimestre do ano passado e de R$ 5,3 bilhões se considerado todo o ano.
“Este resultado foi impactado principalmente por 3 ajustes contábeis [sem efeito caixa], no montante total de R$ 3,1 bilhões, todos ligados a impairment [deterioração] de ativos registrados no balanço:
- ajuste de impairment com uma perda de R$ 89 milhões sobre o valor justo da participação da Oi nos investimentos controlados na África, que impactou a linha de lucro operacional;
- ajuste de impairment com uma perda de R$ 1,58 bilhão sobre o valor justo da participação da Oi nos investimentos não controlados na África, incluindo aqui a Unitel, que impactou a linha de resultado financeiro; e
- provisões para perdas de IR Diferido, no montante de R$ 1,39 bilhão, para as empresas que não apresentaram expectativa de geração de lucros tributáveis futuros suficientes para compensar os créditos tributários. O prejuízo líquido pro-forma das operações continuadas, excluindo os efeitos destes ajustes contábeis [não caixa], teria sido da ordem de R$ 1,5 bilhão no 4T15 e de R$ 3,4 bilhões em 2015, explicado basicamente pelas despesas financeiras, cuja variação em relação ao mesmo período do ano anterior resulta da deterioração das condições dos mercados financeiros no Brasil, com impacto significativo no aumento das taxas de juros.”, justifica a Oi na apresentação dos resultados.
2015 terminou com a dívida líquida da operadora estimada em R$ 38 bilhões, impactada pelo resultado financeiro, parcialmente compensado no trimestre pelo efeito contábil positivo de R$ 739 milhões relacionado à marcação a mercado de derivativos e pelo caixa gerado pelas operações no Brasil de R$ 174 milhões. A dívida bruta encerrou o ano em R$ 54,98 bilhões, sendo 70,3% composto por captação em mercado de capitais internacional e o restante composto por mercado de capitais local, bancos de desenvolvimento nacionais e internacionais (ECAs) e bancos comerciais. A posição de caixa da Companhia em 31 de dezembro de 2015 registrou R$ 16,82 bilhões.
A Oi encerrou 2015 com EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de rotina em R$ 7,23 bilhões e Fluxo de Caixa Operacional (FCO) em R$ 3,18 bilhões (+ R$1,64 bilhão vs. 2014) para as operações brasileiras, entregando um resultado acima do ponto médio do intervalo do projetado para o ano, que era de EBITDA de rotina entre R$ 7,0 e 7,4 bilhões e melhoria no FCO entre R$ 1,2 e 1,8 bilhão no Brasil.
“O atingimento da projeção em meio a um cenário macroeconômico desfavorável, com uma queda no PIB nacional de 3,8% e uma inflação anual de 10,7%, reforça o compromisso e o sucesso da Companhia na execução do processo de transformação do negócio, com foco na qualidade e rentabilidade da base, eficiência operacional e rígido controle de custos, otimização de infraestrutura e na retomada comercial com lançamento de novo portfólio de ofertas”, comemora a Oi.
No 4T15, o EBITDA de rotina das operações brasileiras atingiu R$ 1,74 bilhão, um aumento 3,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, “como resultado dos esforços de rentabilização da base de clientes e do foco contínuo em eficiência de custos”, que apresentou redução de 11% em relação ao 4T14. No consolidado do ano, o Opex (despesas operacionais) de rotina apresentou queda de 8,5%, uma redução real de mais de 17%, considerando o efeito da inflação em 2015.
O Capex (montante de dinheiro gasto na aquisição de bens de capital) das operações brasileiras foi de R$ 1,07 bilhão no 4T15 (+1,6% em relação ao 4T14), sendo 90,1% deste total direcionado à rede. Em 2015, o Capex atingiu R$ 4,04 bilhões nas operações do Brasil, 20,2% menor que o ano anterior.
“Em 2015 a companhia focou na otimização da alocação de investimento através de diversas iniciativas, como renegociações contratuais, compartilhamento de rede e projetos estruturantes para a modernização de infraestrutura com tecnologias que aumentam a eficiência da rede, gerando maior capacidade de tráfego com um menor custo por minuto de voz e por Mbps de dados. A execução destes projetos possibilitou que a Companhia apresentasse significativo aumento de tráfego na sua rede, sobretudo de dados, ao mesmo tempo em que reduziu o congestionamento e apresentou melhoria consistente nas métricas de qualidade de rede. Este esforço está alinhado à estratégia de priorizar a melhoria da qualidade de experiência dos seus clientes.”
O FCO (EBITDA de rotina menos Capex) das operações brasileiras foi de R$ 673 milhões no trimestre, um aumento de 6,2% em relação ao 4T14, em função do aumento do EBITDA de rotina e da eficiência na alocação dos investimentos.
A Receita líquida (montante que a empresa efetivamente recebe pela comercialização de seus produtos) de clientes do Brasil (excluindo venda de aparelhos e uso de rede) alcançou R$ 6,07 bilhões no trimestre (-2,4% versus 4T14), refletindo a deterioração do cenário macro, parcialmente compensado pelo crescimento das receitas de TV paga e dados móveis, e o aumento do ARPU (receita média por usuário). Em 2015, a receita líquida de clientes totalizou R$ 24,47 bilhões, praticamente estável em relação ao ano anterior.
No segmento de telefonia celular, a receita líquida de clientes, que exclui venda de aparelhos e receita de VU-M (taxa de interconexão, que as operadoras recebem de outras empresas quando há uso da sua rede), atingiu R$ 1,83 bilhão no trimestre, um crescimento de 1,2% na comparação anual, impulsionado pelo crescimento de 34,8% na receita de dados (incluindo SVA – Serviços de Valor Agregado). A receita líquida de clientes do segmento totalizou em 2015 R$ 7,16 bilhões, registrando um sólido aumento de 5,3% versus 2014. Essa performance foi explicada pelo aumento de 47,6% na receita de dados no ano, o maior crescimento de dados no setor em 2015. O mix de dados sobre a receita de serviços atingiu 37,1% no ano, um aumento de 12% nos últimos doze meses, também a melhor evolução do mercado em 2015.
Os novos planos de SMP (Serviço Móvel Pessoal) vêm apresentando resultados promissores, como o aumento médio de 17% nas recargas de clientes que migraram para o Oi Livre por semana e o aumento de 15% e 30% nas vendas dos planos pós-pago e Controle, respectivamente. A oferta Oi Livre, por exemplo, já atingiu mais de 10 milhões de clientes em janeiro, 26% da base total do pré-pago, em apenas 3 meses do seu lançamento.
No segmento Residencial, o ARPU (quanto cada cliente gasta em média com serviços da operadora), que atingiu R$ 79,60 neste trimestre (+5,8% na comparação anual), continua apresentando melhora em todos os produtos, como resultado do foco da Companhia em rentabilização de sua base de clientes. A receita líquida do segmento alcançou R$ 2,39 bilhões, -3,3% em relação ao 4T14 devido à queda das tarifas fixo-móvel (VC) e da menor base de clientes de telefonia fixa, parcialmente compensado pelo crescimento da receita de TV paga. Impulsionado pelos lançamentos do VDSL (nova tecnologia de banda larga) e do Oi Play, e com um modelo all-net, a oferta Oi Total, que combina os 4 serviços oferecidos pela Companhia (telefonia fixa, banda larga, TV e mobilidade), vem apresentando resultados preliminares que indicam crescimento de vendas nos 14 estados do país em que já foi lançado.
A receita líquida do segmento Corporativo / PMEs (pequenas e médias empresas) alcançou R$ 1,98 bilhão no 4T15, uma queda anual de 4,8%, “impactada, principalmente, pelo ambiente macroeconômico”.
“Para o segmento de PMEs, foi lançado o plano Oi Mais Empresas, com um modelo inovador de cobrança a partir de tarifas flat fee [taxas fixas], tornando-o mais fácil de entender, comprar e utilizar. Paralelamente, a Oi lançou o aplicativo Oi Mais Empresas, que possibilita um atendimento ao cliente PME totalmente digital sem necessidades de ligar a um 0800. O lançamento deste aplicativo é um dos primeiros passos para a digitalização dos negócios da Oi, um dos pilares do plano de transformação da Companhia.”
Reação do Mercado
Apesar de um prejuízo muito maior do que o de 2014 e uma dívida que continua crescendo, Luís Palha Sila, presidente-executivo da Pharol (maior acionista da Oi), disse que está satisfeito com o desempenho da operadora brasileira.
As principais ações da empresa listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) terminaram o último dia útil da semana em alta. As ações ordinárias (OI ON) fecharam com alta de 2,75%, a R$ 1,12. Enquanto isso, as ações preferenciais (OI PN), apresentaram alta de 5,13%, a R$ 1,23.
Com informações de Oi – Relações com Investidores.
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